Jornal Estado de Minas

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Suspeito de terrorismo em Brasília não integra sindicato da Petrobras


 

George Washington de Oliveira Sousa, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) que confessou ter planejado um atentado terrorista em Brasília, não faz parte do sindicato dos petroleiros. Publicações que afirmam que ele é um sindicalista da Petrobras foram visualizadas mais de 200 mil vezes desde 25 de dezembro de 2022. Sousa, contudo, não é funcionário da estatal e, por isso, não pode integrar o movimento sindical ligado à empresa.





"Ele criou um perfil no Twitter em ABRIL DE 2022 e o nome é 'George Washington Oliveira Souza'. Assim como consta em sua identidade. Pesquisei no Jusbrasil e ele é do sindicato de funcionários da Petrobrás", lê-se em captura de tela compartilhada no Twitter, no Facebook e no Instagram.

O conteúdo também foi encaminhado ao WhatsApp do AFP Checamos, para onde os usuários podem enviar conteúdos vistos em redes sociais, se duvidarem de sua veracidade.

A captura mostra tuítes do blogueiro Allan dos Santos, que teve seus perfis em redes sociais bloqueados no Brasil após uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).



O bloqueio ocorreu no âmbito do inquérito das milícias digitais, que apura a atuação de grupos na internet contra a democracia e as instituições. O STF também determinou a prisão preventiva de Allan dos Santos, que se encontra foragido desde então.

 

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O conteúdo circula depois de George Washington de Oliveira Sousa ter sido preso e autuado por terrorismo em 25 de dezembro, após confessar que planejava um atentado com explosivos próximo ao aeroporto de Brasília com o objetivo de "dar início ao caos" e pressionar pelo estado de sítio para impedir o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, vitorioso nas eleições de 30 de outubro.

Após a prisão, perfis de apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais afirmaram, sem provas, que Sousa seria um "infiltrado da esquerda".

Nesse sentido, as publicações afirmam que, por uma pesquisa no site Jusbrasil, descobriu-se que Sousa "é do sindicato dos funcionários da Petrobrás". Mas isso não é verdade.



Procurada pela AFP, a Petrobras informou em 28 de dezembro de 2022 que George Washington de Oliveira Sousa "não é funcionário" da estatal. Desse modo, não seria possível que ele fizesse parte do sindicato dos trabalhadores da empresa.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP), que é representante legal dos sindicatos de petroleiros, também esclareceu em uma nota publicada em 26 de dezembro de 2022 que "George Washington de Oliveira Sousa NÃO é de sindicato da Petrobras".

As publicações virais alegam que uma busca no site de dados jurídicos Jusbrasil mostrou que o suspeito faz parte do sindicato de funcionários da Petrobras. No entanto, uma pesquisa por "George Washington de Oliveira Sousa" no site não leva a qualquer documento que prove a relação do suspeito com a Petrobras, mas a um processo aberto pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio de Minérios e Derivados de Petróleo (Sitramico).



Na verdade, Sousa, que relatou à Polícia ser gerente de posto de gasolina, foi processado, junto com uma empresa cujo nome tem suas iniciais, pelo Sitramico do Pará.

O AFP Checamos não encontrou o site do Sitramico do Pará, mas na página da representação no Rio de Janeiro verifica-se que o sindicato não representa os funcionários da Petrobras, e sim trabalhadores de postos de gasolina, entre outras atividades.

A representação do Sitramico no estado Rio de Janeiro repudiou a tentativa de associar o suspeito de terrorismo ao movimento sindical.

Esse conteúdo também foi verificado pelo Boatos.org, pela Reuters e pelo Fato ou Fake.