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Vídeo com fala de Haddad sobre auxílio a travestis não é de 2023


 

Um vídeo no qual o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), fala sobre um programa social voltado para travestis em situação de vulnerabilidade foi retirado de contexto para sugerir o anúncio de uma 'Bolsa Travesti' no valor de R$ 1.800,00 pelo governo federal. Publicações com essa alegação foram visualizadas nas redes sociais mais de 20 mil vezes desde pelo menos 23 de janeiro de 2023. Mas a gravação é de fevereiro de 2015, quando Haddad, então prefeito de São Paulo, apresentou o programa 'Transcidadania'.





 

'BOLSA TRAVESTIS Projeto Bolsa Travestis volta no valor de 1.800,00 reais', diz o texto sobreposto ao vídeo compartilhado no Twitter, no Facebook e no Kwai.

Na gravação, Haddad diz: 'O resgate que está sendo feito é de um direito que foi negado no momento adequado. Essas pessoas viveram uma adolescência muito difícil, não tiveram apoio da família, não tiveram apoio do poder público, não tiveram apoio dos empregadores, nem do sistema de ensino e acabam sem nenhuma alternativa'.

 

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'É um começo. Nós ainda temos ajustes a serem feitos, é o início de um trabalho. Esse programa vai ser aperfeiçoado. Como tudo que é ousado, nós temos que fazer um acompanhamento fino. A universidade vai ajudar, especialistas vão ajudar, mas eu acho que nós vamos daqui a pouco tempo construir uma coisa sólida (...) Que sofrem do mesmo mal: uma enorme violência contra o público LGBT, com as consequências conhecidas', complementa o político.



Ao final do vídeo, uma travesti identificada como Ciara conta que deseja investir nos estudos, encontrar um emprego formal e abandonar a prostituição por meio do projeto.

 

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O conteúdo circula no primeiro mês de governo de Luiz Inácio Lula Silva, que tomou posse em 1° de janeiro de 2023.

Mas, ao contrário do que sugerem as publicações virais, a fala de Haddad, atual ministro da Fazenda, não foi feita em 2023.

Uma busca no Google pelos termos 'Haddad', 'bolsa' e 'travestis' levou a uma notícia de 9 de janeiro de 2015 sobre a intenção da Prefeitura de São Paulo, na época comandada por Haddad, de oferecer bolsas para que travestis e transexuais concluíssem seus estudos e fizessem cursos profissionalizantes.

A iniciativa faria parte do 'Transcidadania', um projeto da prefeitura paulistana voltado para a inclusão social de travestis e transexuais, lançado no primeiro trimestre de 2015.

Uma pesquisa por 'Transcidadania' e 'Haddad' na aba de vídeos do Google levou a uma gravação mais longa do que a viral, publicada no YouTube em 2 de fevereiro de 2015, na qual é possível assistir aos mesmos trechos.




Neste vídeo, é possível observar que quando Haddad é entrevistado vê-se o crédito de 'Prefeito' logo abaixo de seu nome.

Com uma nova pesquisa no Google por 'travestis', 'Haddad' e '2023' não foi encontrado qualquer anúncio de um programa do governo federal voltado para esse segmento social.

No entanto, a atual secretária Nacional de Promoção de Defesa das Pessoas LGBTQIA+, Symmy Larrat, que coordenou o Transcidadania em São Paulo em 2015, afirmou em uma entrevista publicada em 24 de janeiro de 2023 que pretende implementar o programa com algumas adaptações no âmbito nacional.

'Com toda certeza é uma das primeiras coisas que vou querer fazer. Mas não basta pegar o formato do transcidadania e universalizar. A gente sabe que não é um modelo que pode ser importado no mesmo formato. Mas a estruturação do transcidadania, nas bases do transcidadania, possui uma fórmula que precisa ser replicada nacionalmente', disse Larrat.



A secretária diz, contudo, que não há previsão para o lançamento do programa: 'Eu só não sei em quanto tempo a gente consegue isso, porque política pública não pode ser feita a toque de caixa. Fazer a toque de caixa é não querer fazer. Política pública requer paciência. Mas com toda certeza é uma das primeiras coisas que eu vou querer fazer'.

O Transcidadania permanece vigente na cidade de São Paulo. Em janeiro de 2023 o valor do auxílio é de R$ 1.386,00, e não R$ 1.800,00 como citado nas publicações.

Este conteúdo também foi verificado por Aos Fatos, Uol Confere e Estadão Verifica.