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Pfizer não 'reconheceu' que vacinas anticovid têm óxido de grafeno

O grafeno e seu derivado, o óxido de grafeno, são nanomateriais à base de carbono que têm sido objeto de várias teorias da conspiração desde abril de 2021


12/04/2023 16:06 - atualizado 12/04/2023 16:05


 

Captura de tela feita em 11 de abril de 2023 de uma publicação no Twitter
Captura de tela feita em 11 de abril de 2023 de uma publicação no Twitter (foto: Reprodução)
A farmacêutica norte-americana Pfizer não "reconheceu" que suas vacinas contra a covid-19 possuem óxido de grafeno. Usuários compartilharam esta afirmação centenas de vezes nas redes sociais desde 16 de março de 2023, junto a capturas de tela de um suposto relatório da empresa que confirmaria isso. No entanto, o documento mostra o método utilizado para estudar uma proteína, que nada tem a ver com a composição dos imunizantes, explicaram especialistas à AFP. Seus componentes são públicos e um porta-voz da Pfizer confirmou que o óxido de grafeno não é usado na fabricação de suas vacinas.


'BREAKING: Documentos confidenciais da Pfizer confirmam que o 'óxido de grafeno' está nas vacinas COVID... E AGORA%u2049%uFE0F ', afirmam publicações no Twitter e Facebook.

Algumas das postagens são embasadas em um artigo em inglês do site The Exposé, já verificado em outras ocasiões pela AFP (1, 2, 3). Conteúdo semelhante também circula em espanhol, inglês, holandês e alemão.

Desinformação volta a circular 


O grafeno e seu derivado, o óxido de grafeno, são nanomateriais à base de carbono que têm sido objeto de várias teorias da conspiração desde abril de 2021. Eles foram acusados de serem letais e de estarem presentes em testes de PCR, em preservadores de frescor de sementes de girassol e também nas vacinas contra a covid-19, sendo supostamente responsáveis por "magnetizar" as pessoas, "controlá-las" ou matá-las - todas alegações falsas.

Também é falso que a Pfizer tenha "finalmente" reconhecido que seus imunizantes contra a covid contêm óxido de grafeno.

 

Leia: Captura de tela feita em 11 de abril de 2023 de uma publicação no Twitter 


A AFP consultou um porta-voz da empresa farmacêutica em 22 de março de 2023, que afirmou por e-mail: 'Confirmamos que o óxido de grafeno não é usado na fabricação da vacina Pfizer-BioNTech COVID-19; você pode encontrar a lista completa de ingredientes aqui.'

Informações sobre a composição das vacinas que fabrica também são divulgadas no site da Pfizer.

Documento mal-interpretado

As publicações sugerem que um documento, supostamente "confidencial" e atribuído à empresa farmacêutica, carregado no site de uma organização não-governamental chamada Medical and Public Health Professionals for Transparency e intitulado em inglês "Structural and biophysical Caracterization of peak glycoprotein SARS- CoV-2 (P2 S) as a Vaccine Antigen', provaria que as vacinas anticovid da Pfizer contêm óxido de grafeno.

 

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A farmacêutica não confirmou nem desmentiu à AFP a autenticidade do documento: 'Não podemos verificar ou autenticar nenhum documento que apareça online/nas redes sociais'.

Como argumento, as publicações apontam a presença do termo 'óxido de grafeno' na página 7 do texto, após o subtítulo 'Cryo-EM de P2 S'. Nessa seção, o artigo afirma, em inglês: 'Para P2 S marcado com TwinStrep, foram aplicadas 4 μL de proteína purificada a 0,5 mg/mL a grades de malha de ouro 300 Quantifoil R1.2/1.3 recentemente revestidas com óxido de grafeno'.

No entanto, especialistas explicaram à AFP que isso não está relacionado aos componentes das vacinas, mas sim a uma técnica de estudo do vírus SARS-CoV-2.

O doutor uruguaio em ciências biológicas e virologista Santiago Mirazo disse à AFP que neste fragmento específico o que o documento detalha é uma metodologia amplamente utilizada na biologia, biofísica e bioquímica: a crio-eletromicroscopia. Nesse caso, foi aplicada para determinar a estrutura da proteína S, ou spike que permite que o SARS-CoV-2 adira e entre em uma célula hospedeira.

'São usadas grades muito pequenas de óxido de grafeno onde a proteína é colocada para depois fazer a eletromicroscopia. Foi demonstrado que esse material melhora a capacidade de definir essa estrutura, mas não apenas a proteína spike, mas qualquer proteína', acrescentou Mirazo.

O especialista destacou que a etapa de caracterização da proteína em laboratório 'está longe do que será a produção do mensageiro, que obviamente não utiliza essa grade de óxido de grafeno. Não só não contém óxido de grafeno, como nem mesmo por transporte ou contaminação cruzada as vacinas poderiam ter óxido de grafeno derivado deste teste. Em outras palavras, são coisas completamente independentes' .

Nicolás Torres, do Laboratório de Imunopatologia do IBYME-CONICET, na Argentina, concordou e comentou que, além do óxido de grafeno, também são usadas partículas de ouro ou outros compostos, "mas faz parte da técnica e não tem nada a ver com a composição da vacina'.

A proteína S ou spike


O relatório viralizado 'é um trabalho de 2020, que mostra as fases iniciais da produção da vacina e essa é justamente a etapa primária desse desenvolvimento', disse Mirazo. Aqui mostramos que a proteína spike está "correta em estrutura e função", explicou.

Além de permitir que o SARS-CoV-2 entre na célula, essa proteína também dá ao coronavírus seu formato de 'coroa'.

A proteína é essencial no funcionamento das vacinas de RNA mensageiro (mRNA) contra a covid-19. Estes não contêm a proteína em si, mas um 'manual de instruções' genético para que ela possa ser produzida pelo nosso corpo.

A animação abaixo detalha como essas vacinas funcionam:

Referências:


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