Jornal Estado de Minas

CHECAMOS

O PT não 'mandou cassar' toda a bancada do PL?

O Partido dos Trabalhadores não 'mandou cassar' o mandato de todos os deputados do Partido Liberal, ao qual o ex-presidente Jair Bolsonaro é filiado. Desde 12 de abril, usuários compartilharam milhares de vezes nas redes sociais um vídeo do senador Magno Malta (PL) para embasar a alegação. Mas isso é enganoso: a gravação de Malta é de dezembro de 2022 e trata de uma ação movida pela chapa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra a de Bolsonaro e outros sete políticos, e não a todo o quórum do partido. O processo está em tramitação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

'GRAVÍSSIMO! GUERRA CIVIL A VISTA: O PT MANDOU O TSE CASSAR OS MANDATOS E TORNAR INELEGÍVEL TODOS OS DEPUTADOS DO PL', diz uma das publicações que circulam no Facebook, no Twitter, no Kwai, no Telegram e no TikTok.





Na sequência, o senador Magno Malta pede orações porque 'ontem' o 'PT entrou com uma ação no TSE' para tornar inelegível a chapa de Bolsonaro, o próprio Magno Malta, Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, Bia Kicis, Carla Zambelli e Nikolas Ferreira. O senador afirma, ainda, que essa ação seria 'abuso de poder político e econômico'. 

Uma busca por palavras-chave no Google levou à sequência original, publicada no perfil do senador no Instagram em 9 de dezembro de 2022, e que voltou a ser difundida em abril de 2023 com a alegação de que o processo seria atual e abrangeria todos os deputados do PL.

Mas além de Magno Malta não ocupar o cargo de deputado, a legenda vista em seu Instagram não especifica que a ação seria contra 'todos' os parlamentares do partido: 'O PT entra com ação no TSE contra o Presidente e patriotas aliados do povo!'.





De fato, em 8 de dezembro de 2022, um dia antes de Malta publicar o vídeo em seu Instagram, a campanha de Lula entrou com um processo no TSE contra integrantes do Partido Liberal, mas não pedindo a cassação da totalidade da bancada do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A coligação do presidente Lula — formada por PT, PC do B e PV — acusou os deputados federais pelo PL Bia Kicis, Carla Zambelli, Eduardo Bolsonaro, Nikolas Ferreira, Gustavo Gayer, os senadores Flávio Bolsonaro e Magno Malta, além da chapa presidencial formada por Jair Bolsonaro e Walter Braga Netto de 'uso indevido dos meios de comunicação social e abuso de poder político'

O total de parlamentares afetados pelo processo é de cinco deputados, dois senadores e dois membros do PL que atualmente não possuem mandato.

O Partido Liberal, por sua vez, elegeu a maior bancada do Congresso Nacional para o período que se iniciou em 2023: 99 deputados e 12 senadores, número consideravelmente superior ao citado no processo. 





A ação movida pela Coligação Brasil da Esperança foi aceita em 14 de dezembro de 2022, pelo ministro do TSE Benedito Gonçalves. Até a publicação desta checagem, o processo continuava em tramitação no Tribunal. 

No último dia 30 de maio, o PL também protocolou uma representação que pede a cassação de 6 deputadas federais do PT e do PSOL por terem 'xingado' Zé Trovão (PL-SC) durante a votação do Projeto de Lei do marco temporal. 

Referências: