Jornal Estado de Minas

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Defesa de Bolsonaro, e não PF, disse não haver irregularidades em transferências de Michelle

Não são agentes da Polícia Federal os homens que afirmam, em vídeo, que não há irregularidades nas transações financeiras da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, ao contrário do que asseguram publicações visualizadas milhares de vezes nas redes sociais desde 9 de junho de 2023.



Os homens são, na verdade, advogados de defesa de Jair Bolsonaro (PL) se pronunciando após ser reportado que a PF investigava a suspeita de desvio de dinheiro público envolvendo o pagamento de despesas de Michelle. Não há nenhuma informação como a do vídeo no site da Polícia Federal.

'Polícia Federal confirma: o mais humilde de todos os presidentes, Bolsonaro. Que decepção Chupa PTzada', lê-se no texto sobreposto à gravação, que circula no Facebook, no Instagram, no Twitter, no TikTok e no Kwai

Na sequência viral, um dos homens que aparecem sentados à mesa afirma que '100% do custo de vida da família de Bolsonaro' saiu 'exclusivamente da conta pessoal do presidente' e que não haveria, portanto, 'cruzamento ou confusão de saques' de dinheiro, fazendo referência à investigação da Polícia Federal envolvendo o pagamento de despesas de Michelle Bolsonaro usando dinheiro vivo.  

Segundo a alegação viral, o vídeo mostraria agentes da Polícia Federal concluindo que não há indícios de irregularidades nas transações financeiras da ex-primeira-dama. 

No entanto, uma busca por palavras-chave no Google levou ao vídeo original, publicado no canal do Partido Liberal no YouTube em 15 de maio de 2023.  

Trata-se, na verdade, de uma coletiva concedida à imprensa pelo grupo de defesa da família Bolsonaro neste caso. 





A entrevista, inclusive, repercutiu nos veículos de imprensa (1, 2, 3).

As pessoas vistas no vídeo são Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social e atual assessor de Bolsonaro, e os advogados Marcelo Bessa, Daniel Tesser e Paulo Amador da Cunha Bueno, que também defende o ex-presidente no caso das joias sauditas

Suspeita de transações ilegais 

Com a quebra do sigilo bancário de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, para outro inquérito, a Polícia Federal encontrou informações suspeitas sobre transações financeiras.





De acordo com as mensagens obtidas pela PF, Cid havia, recorrentemente, usado dinheiro vivo para pagar despesas de Michelle Bolsonaro e de pessoas próximas à então primeira-dama.  

Cid está preso desde o início de maio de 2023 por conta de uma operação que investiga supostas fraudes no cartão de vacinação de membros da família Bolsonaro. 

Em e-mail enviado ao AFP Checamos em 13 de junho de 2023, a Polícia Federal informou que todas as ações e operações feitas pelo órgão são divulgadas em seu site, onde não há qualquer indicação de realização de uma coletiva de imprensa como a vista no vídeo viral. 

Conteúdo semelhante foi checado pelo Estadão Verifica.

Referências