Jornal Estado de Minas

CHECAMOS

Vídeo de novembro de 2022 é falsamente associado a protesto contra a inelegibilidade de Bolsonaro

Um vídeo de caminhões com bandeiras do Brasil não mostra um protesto contra a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que deixou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível por oito anos, em 30 de junho, ao contrário do que dizem publicações compartilhadas milhares de vezes nas redes sociais desde então. Na verdade, notícias da imprensa e publicações mostram que o registro foi feito em novembro de 2022, momento em que apoiadores de Bolsonaro se manifestaram contra a sua derrota nas eleições de 2022.

'Bolsonaro INELEGÍVEL!?? A coisa começou irmãos patriotas', diz o texto sobreposto ao vídeo que circula no Facebook, no Instagram, no TikTok e no Kwai. A sequência mostra caminhões com bandeiras do Brasil atravessando uma barreira da polícia em uma estrada.





As publicações começaram a circular depois que o Tribunal Superior Eleitoral condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro por abuso de poder político, deixando-o inelegível por oito anos.

Contudo, o vídeo viral foi registrado antes do julgamento de Bolsonaro.

Na sequência viral é possível ver o logo das empresas Agritex e Rezende em alguns dos caminhões.

Por meio de uma busca pelo nome das empresas, o AFP Checamos localizou notícias de novembro de 2022, quando apoiadores de Bolsonaro estavam fechando estradas em protesto contra a sua derrota nas eleições.

Na época, a Folha de S.Paulo noticiou que mais de 70 caminhões com bandeiras do Brasil haviam chegado a Brasília entre 6 e 7 de novembro para participar das manifestações. Segundo a matéria, que cita a Agritex, a ação foi organizada por empresários do Mato Grosso.





Uma publicação encontrada no Twitter mostra o mesmo momento a partir de um ângulo diferente. No vídeo, publicado em 6 de novembro, é possível ver os caminhões passando por barricadas da polícia em meio aos gritos de apoiadores do ex-mandatário.

Comparação feita em 3 de julho de 2023 entre uma publicação no Twitter (C) e outra no Facebook

Em 12 de novembro de 2022, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes bloqueou as contas de 43 empresas suspeitas de financiar as manifestações, entre elas a Agritex e a Rezende.

Referências