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Estado de Minas CHECAMOS

Vídeo desinforma sobre multivacinação; campanha acontece todo ano e não é compulsória

O Ministério da Saúde realiza uma campanha de multivacinação em todo o país desde maio de 2023 para atualizar a carteirinha de crianças e adolescentes. A partir disso, um vídeo compartilhado milhares de vezes nas redes sociais desde o último dia 10 de julho alega que a imunização é obrigatória, conta com participação de militares e inclui o imunizante anticovid, com 'microssensores' e 'grafeno'. Mas a campanha anual não é compulsória e não terá atuação do Exército. Além disso, especialistas ouvidos pela AFP descartaram as alegações feitas sobre a segurança dos imunizantes.


20/07/2023 16:41 - atualizado 24/07/2023 08:16
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O Ministério da Saúde realiza uma campanha de multivacinação em todo o país desde maio de 2023 para atualizar a carteirinha de crianças e adolescentes. A partir disso, um vídeo compartilhado milhares de vezes nas redes sociais desde o último dia 10 de julho alega que a imunização é obrigatória, conta com participação de militares e inclui o imunizante anticovid, com 'microssensores' e 'grafeno'. Mas a campanha anual não é compulsória e não terá atuação do Exército. Além disso, especialistas ouvidos pela AFP descartaram as alegações feitas sobre a segurança dos imunizantes.

'Governo Federal acaba de impor plano nacional obrigatório de doses com apoio de militares do exército', lê-se em um texto sobreposto em um vídeo que circula no Facebook, no Instagram e no Kwai.

A gravação também foi encaminhada para o WhatsApp do AFP Checamos, para onde os usuários podem enviar conteúdos vistos em redes sociais, se duvidarem de sua veracidade.

Na sequência, um usuário faz uma série de alegações sobre a campanha de multivacinação, que começou em maio de 2023 no Amazonas e no Acre, e segue para outros estados a partir de julho.

Captura de tela feita em 17 de julho de 2023 de uma publicação no Facebook
Captura de tela feita em 17 de julho de 2023 de uma publicação no Facebook

A campanha de multivacinação

No vídeo viral, o usuário começa o vídeo citando uma matéria sobre a campanha de multivacinação publicada pelo g1 em 7 de julho de 2023.

Ele afirma que a campanha será obrigatória e terá a participação do Exército e dos laboratórios Pfizer, Moderna e AstraZeneca, o que não é mencionado no texto do g1.

Citando um suposto texto do portal Gazeta Brasil, o usuário também alega que o Ministério da Saúde e as forças armadas estão estudando declarar 'estado de emergência sanitária em todo o território nacional [...] para inicializar a campanha de imunização nacional'.

O artigo não foi localizado em buscas feitas pelo AFP Checamos no Google nem nas plataformas Wayback Machine e Archive, que permitem o acesso a publicações arquivadas de sites.

As últimas notícias oficiais relacionadas a um estado de emergência em saúde pública no Brasil são de 2022, quando o país saiu dessa condição, declarada em 2020 por conta da pandemia de covid-19.

O usuário diz, ainda, que as pessoas que não se vacinarem terão um 'X' marcado em suas casas e que seus dados serão inseridos em um 'código de segurança de protocolo' para que militares possam fazer uma 'busca ativa obrigatória'.

Programa Nacional de Imunizações

Procurada, a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde informou ao AFP Checamos que as alegações do vídeo são 'completamente falsas'. A instituição esclareceu ainda que a vacinação não é obrigatória e que a campanha não terá a participação do Exército.

'A pasta segue adotando a vacinação de forma não compulsória buscando retomar as altas coberturas vacinais para evitar o retorno e o agravamento de doenças já eliminadas no país, além de resgatar a confiança da população nas vacinas e na cultura de vacinação do país.'

A multivacinação é uma das campanhas instituídas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), criado na década de 1970. Ela é promovida todo ano, junto a estados e municípios, com o objetivo de atualizar a caderneta de vacinação de crianças e adolescentes de até 15 anos.

O Ministério da Saúde publicou em seu site a lista de 17 imunizantes que fazem parte da campanha. Entre eles, estão vacinas como BCG, meningocócica C e ACWY, e tríplice viral. Além dos imunizantes listados, a assessoria da pasta confirmou à AFP que a vacina contra a covid-19 também será disponibilizada.

Vacinas anticovid

No vídeo viral, o usuário também faz declarações sobre as vacinas contra a covid-19 que foram verificadas anteriormente pela AFP.

Ele associa os imunizantes à implantação de chips, que seriam usados para 'reprogramar as mentes' e acessar dados da pessoa vacinada. Como explicado aqui, os nanochips atuais não passam pela agulha de uma seringa e especialistas ouvidos pela AFP descartaram a possibilidade de a vacina ser usada para o monitoramento de indivíduos.

Por fim, o usuário menciona a presença de grafeno nos imunizantes, o que já foi checado várias vezes pela AFP (1, 2). Especialistas consultados dizem que não há evidências de que as vacinas contenham esta substância.

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