O senador Magno Malta (PL) não afirmou que o 'PT ofereceu 50 bilhões' ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que a corte tornasse inelegíveis todos os parlamentares da legenda. Os conteúdos, compartilhados mais de 19 mil vezes nas redes sociais desde, pelo menos, 17 de agosto de 2023, usam uma publicação de dezembro de 2022 do parlamentar e acrescentam uma tarja contendo a alegação falsa. Mas em nenhum momento da gravação Malta acusa o PT de oferecer R$ 50 bilhões ao TSE. A assessoria de imprensa do senador também negou ao AFP Checamos que ele tenha feito essa afirmação.
'Gravíssimo PT ofereceu 50 bilhões para TSE tornar inelegíveis todos deputados e senadores do PL', diz o texto inserido no vídeo compartilhado no X (antes Twitter). O conteúdo circula também no Facebook, no TikTok e no Kwai.
Uma busca por palavras-chave no Google levou à sequência original, publicada no perfil do senador no Instagram em 9 de dezembro de 2022.
Na sequência original, Malta diz que soube pela imprensa que o Partido dos Trabalhadores (PT) teria entrado com uma ação no TSE para tornar inelegíveis políticos e parlamentares da bancada do Partido Liberal (PL), incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro e o próprio Magno Malta.
Em nenhum momento da gravação o senador menciona que o PT teria oferecido dinheiro ao TSE em troca da inelegibilidade desses parlamentares.
Uma pesquisa pelas palavras-chave '50 bilhões PT TSE' tampouco trouxe como resultado reportagens de veículos de imprensa noticiando essa informação.
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Procurada pelo AFP Checamos, a assessoria de imprensa de Malta confirmou que 'as afirmações sobre o 'PT ter oferecido 50 bilhões ao TSE para tornar inelegíveis todos os deputados e senadores do PL' são falsas'.
'O senador jamais proferiu tais palavras relacionadas a dinheiro. Na verdade, o conteúdo original do vídeo abordava uma discussão sobre uma ação que envolvia não apenas o senador, mas também outros membros do partido', acrescentou a assessoria do parlamentar.
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Inelegibilidade de todos os parlamentares do PL?
O mesmo vídeo do senador já havia circulado em abril de 2023 junto à alegação de que o PT teria pedido ao TSE a cassação de todos os parlamentares do PL. À época, esses conteúdos foram verificados pela AFP.
Como explicado pela AFP, de fato, em 8 de dezembro de 2022, a campanha de Lula entrou com um processo no TSE contra integrantes específicos do Partido Liberal, mas não pedindo a cassação da totalidade da bancada da legenda.
A ação da coligação do presidente Lula — formada por PT, PC do B e PV — acusou os deputados federais pelo PL Bia Kicis, Carla Zambelli, Eduardo Bolsonaro, Nikolas Ferreira, Gustavo Gayer, os senadores Flávio Bolsonaro e Magno Malta, além da chapa presidencial formada por Jair Bolsonaro e Walter Braga Netto, de 'uso indevido dos meios de comunicação social e abuso de poder político'.
No total, portanto, a ação envolve cinco deputados, dois senadores e dois membros do PL que atualmente não possuem mandato (Jair Bolsonaro e Braga Netto). Já a totalidade da bancada do PL é composta por 99 deputados e 12 senadores, números consideravelmente superiores aos citados no processo.
O processo pode ser consultado publicamente na Consulta Pública Unificada do TSE. Até o momento de publicação desta checagem, em agosto de 2023, a ação ainda estava em tramitação.
Em 30 de junho de 2023, o TSE declarou Jair Bolsonaro inelegível por oito anos por considerar que o ex-presidente praticou abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante a reunião com embaixadores estrangeiros em 18 de julho de 2022, no qual foram proferidas alegações falsas sobre as urnas eletrônicas. A decisão, porém, não foi motivada pelo processo movido pela coligação do PT, e sim por uma ação movida pelo PDT.