Um vídeo que supostamente mostra uma troca de mensagens entre dois médicos comentando como um paciente de 73 anos furaria a fila do transplante de coração devido a 'ordens superiores' não prova que houve qualquer irregularidade na cirurgia feita pelo apresentador Fausto Silva, o Faustão. A sequência, visualizada mais de 239 mil vezes nas redes sociais desde 31 de agosto de 2023, é uma montagem elaborada por um perfil no TikTok dedicado a criar diálogos fictícios. No vídeo original há um aviso esclarecendo que se trata de uma 'conversa montada' e que os personagens não são de verdade.
'Será que eles acharam mesmo que iríamos acreditar que Faustão respeitou a fila', diz uma das publicações compartilhadas no Facebook, no Instagram e no TikTok.
A sequência viral mostra o histórico de conversas no aplicativo de mensagens WhatsApp entre dois supostos médicos. Um deles diz que 'finalmente' havia chegado o coração para uma mulher que estaria em primeiro lugar na fila de transplante. Como resposta, o outro médico diz que, 'por ordens superiores', o órgão iria para um paciente, de 73 anos, internado no começo do mês de agosto, que teria 'prioridade' por ter poder e influência.
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Após transplante de Faustão, Sandra Annenberg anuncia: 'Sou doadora'Fila do transplante aumenta em MG, mas expectativa é de mais doadoresComo Brasil criou e mantém maior sistema público de transplantes do mundoNo entanto, a alegação de que essa seria uma conversa vazada sobre irregularidades na organização da fila de transplantes no Brasil é falsa.
Através de uma marca d'água contida no vídeo viral, foi possível chegar à sequência original: ela foi extraída de uma página no TikTok chamada 'Histórias do Whats'. Na legenda original, há um esclarecimento de que o vídeo mostra uma 'conversa montada com personagens fictícios' e que qualquer 'semelhança com a realidade' seria mera coincidência.
Transplante de órgãos no Brasil
As publicações virais foram compartilhadas depois de rumores nas redes sociais de que o apresentador teria sido beneficiado e passado na frente na fila do transplante de órgãos. À época, veículos de comunicação repercutiram o caso (1, 2).Em nota divulgada no site do Ministério da Saúde, a pasta afirmou que o apresentador foi priorizado na fila de espera em razão de seu estado muito grave de saúde e que a lista para transplantes é baseada em 'critérios técnicos', em que 'tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados'.
O ministério assinala, ainda, que 'a lista para transplantes é única e vale tanto para os pacientes do SUS quanto para os da rede privada'.
No Brasil, a regulamentação do processo de doação e transplantes de órgãos é feita pelo Sistema Nacional de Transplantes. Os possíveis doadores podem ser vivos ou falecidos.