Teto branco não é regra, sabia? Tons mais vivos, coloridos, quentes ou mesmo estampas estão subindo pelas paredes. A ideia é deixar o ambiente cheio de personalidade. Antes reticentes, agora os brasileiros têm comprado a proposta de muitos designers e dado vida à chamada quinta parede.
Faz tempo que o teto deixou de ser monótomo na Europa, que não tem medo de apostar nas cores. Se você quiser experimentar, três profissionais dão dicas importantes de como apostar na novidade. A personalização é o mais legal, já que a decoração dos tetos é bem versátil. E, em tempos crise, é uma alternativa que cabe em vários bolsos para quem gosta de mudança. É possível usar várias técnicas e materiais de acordo com a preferência do cliente e o seu orçamento: adesivos, papel de parede, tinta, stêncil, entre outros.
Na edição deste ano da Morar Mais, o projeto estar multimídia, de Rafael Medeiros, chamou a atenção pelo teto rosa. “A inspiração veio de um hotel escandinavo, que usa cores na separação das áreas. É um efeito que já ocorre na Europa, embora países do Oriente usem a cor de forma homogênea, inclusive estampas. Mas o teto colorido é um design contemporâneo, utilizado como solução de projeto e para brincar com a altura do pé-direito, com a dimensão do espaço, além de ser decorativo”, explica.
Rafael Medeiros enfatiza que não há uma fórmula. Mas conta que o teto escuro, por exemplo, em tons bem próximos do preto, vai aumentar o pé-direito porque dará a sensação de profundidade, de mais altura. Mas é preciso tomar alguns cuidados: “A iluminação é bem importante. Tem de ser do teto para baixo, criando a sensação de infinito para cima. Um pendente ou paflon mais baixo são ideais. Não pode deixar a luz vazar para o teto”, alerta.
O designer destaca que qualquer ambiente pode ter o teto colorido. Mas pede atenção com a iluminação, porque o teto é o refletor da luz e, portanto, a cor interferirá. “No caso do teto rosa, usei a luz mais amarelada para dar o efeito desejado e não mudar a tonalidade.”
Na composição com as demais paredes, o branco e o cinza são cores neutras e tendem a durar mais. No entanto, tudo vai depender da intenção do projeto e do desejo do cliente. Mas Rafael Medeiros recomenda parcimônia ao colocar cor nas paredes, já que tem o mobiliário e os adornos, tapetes, quadros que entrarão no ambiente. Para não errar, ele indica levar a cor do teto para alguns elementos soltos, como quadro, almofada ou outro objeto decorativo. “Não tudo, porque ficará monótono.”
Outra proposta de Rafael Medeiros é apostar no colorido em L, ou seja, parede e teto da mesma cor. “É mais ousado, mas fica bem bacana.”
Rafael Medeiros diz que não é obrigatório escolher uma cor forte ou escura sempre. Ele afirma que as candy colors também podem ser uma tendência, a cor mais seca e pastel. Novamente, tudo dependerá da proposta do projeto. “O mundo enxerga o brasileiro colorido, mas, na realidade, temos dificuldade de levar a cor para dentro dos espaços íntimos e a maioria opta pela composição de ambiente mais clássica.
A QUINTA PAREDE
A cor rosa também foi parar no teto de um banheiro para uma cliente jovem e contemporânea, no projeto da designer de interiores Samara Perona. Um ambiente com cara de refúgio. Ela ousou não só com o metal, presente em todas as estruturas, e os espelhos suspensos por cabos de aço. Mas o contraste do dourado dos metais e dos tons mais claros das paredes e os beges acinzentados do mármore casaram perfeitamente.
Samara Perona enfatiza que o teto, muitas vezes, só era lembrado e ressaltado quando aliado ao rebaixamento com gesso. Mas, hoje, para aqueles que não têm medo de ousar e querem atualizar a decor com baixo custo, ele se torna a quinta parede em um ambiente.
Samara Perona lembra que não é novidade que a cor sempre faz a diferença na decoração e, ao aplicá-la em um local tão inesperado, o efeito visual se torna incrível. “Para aqueles que pensam que o teto deve, obrigatoriamente, combinar com a cor das paredes e pode, consequentemente, pesar o ambiente, afirmo que não. O ideal é alinhar, no restante do ambiente, tons complementares à cor escolhida, aplicados nos móveis soltos, tapetes, acessórios ou, dependendo da proposta do projeto, trazer no restante do ambiente cores opostas (trazendo ainda mais personalidade ao espaço). E caso queira brincar ainda mais com o recurso, a cor pode descer um pouco mais dos limites do teto, trazendo ainda mais destaque.”
Para Samara Perona, o recurso de usar cor no teto é ideal para aqueles que moram de aluguel, visto a facilidade em retomar o imóvel ao estado original na devolução, ou até mesmo para aqueles que gostariam de uma mudança rápida, atual e com baixo custo. “E não apenas com a pintura conseguimos o efeito. Para aqueles que podem investir um pouco mais, o papel de parede ou até mesmo texturas, como o marmorato, podem também ser aplicados no teto, dando ainda mais charme e sofisticação ao ambiente.”
QUESTÃO DE VISÃO Já a arquiteta Gislene Lopes, que teve projeto, com tetos todos coloridos em todos os ambientes em um apartamento no JK, premiado, confessa ser avessa à estética de pintar a quinta parede. “Era um imóvel especial, a cliente mora fora de BH e queria uma espaço com cara de loft, retrô e diferenciado para ficar na capital. A cozinha teve o teto pintado de preto e o do quarto e do banheiro de azul.” Tem parede vermelha e quadriculada de preto e branco, canos aparentes pintados de preto, enfim, um projeto ousado, moderno, diferente, acolhedor e mereceu o prêmio pelo resultado.
“Não vejo o teto colorido como tendência, mas uma visão de cada espaço, do morador e do que gostaria de ter. Prefiro as paredes e o teto da mesma cor e em tonalidades como branco e cinza. Acho mais uniforme, bonito e sofisticado. Mas toda escolha é pessoal e depende do projeto”, afirma Gislene.
Agora, o que a arquiteta não gosta mesmo e não recomenda é a parede colorida. “É brega (ultrapassado) uma parede colorida no ambiente. É mais chique a caixa da mesma cor. Há inúmeras possibilidades, cores decas, verde acinzentado, tons sem tanta identificação, tem ainda as tintas marmorizadas de fácil combinação porque são neutras.”
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