O último relatório global da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que cerca de 39 milhões de pessoas sofrem com a cegueira no mundo. Ainda segundo os dados da entidade, aproximadamente 246 milhões são afetadas pela perda moderada ou severa de visão.
No Brasil, estima-se que 1,5 milhão de pessoas sejam cegas, dos quais a maioria dos casos – entre 60% e 80% – são evitáveis e/ou tratáveis, o que significa que cerca de 800 mil brasileiros enxergariam normalmente se tivessem se tratado adequadamente.
No Brasil, estima-se que 1,5 milhão de pessoas sejam cegas, dos quais a maioria dos casos – entre 60% e 80% – são evitáveis e/ou tratáveis, o que significa que cerca de 800 mil brasileiros enxergariam normalmente se tivessem se tratado adequadamente.
“Os números têm aumentado exponencialmente devido ao aumento da população, envelhecimento, mudanças no estilo de vida e falta de acesso a cuidados, principalmente em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Assim, para evitar que doenças que afetam a visão se instalem, é de suma importância que os cuidados oculares sejam mantidos em dia”, afirma a médica oftalmologista especialista em córnea e lente de contato Tatiana Loures Miranda, do Instituto Vizibelli.
Nesse sentido, Juliana Guimarães, médica oftalmologista especialista em retina e neurovisão do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães, frisa que, para manter a saúde ocular em dia, é importante que os pacientes se submetam a consultas regulares desde o início da jornada da vida.
“Já diz a sabedoria popular: é melhor prevenir do que remediar. Portanto, por meio do monitoramento dos olhos pode-se reconhecer doenças precoces e, também, saber como se comportar para evitar patologias na visão.”
“Já diz a sabedoria popular: é melhor prevenir do que remediar. Portanto, por meio do monitoramento dos olhos pode-se reconhecer doenças precoces e, também, saber como se comportar para evitar patologias na visão.”
O monitoramento da saúde ocular começa pelo conhecido ‘teste do olhinho’, feito em bebês recém-nascidos nos primeiros dias de vida. “O exame serve não só para investigar alterações oftalmológicas, mas também é capaz de detectar doenças como tumores, alterações metabólicas como diabetes, alguns tipos de anemia e até mesmo maus-tratos”, explica Juliana Guimarães.
Outra fase importante na saúde ocular é o início da idade escolar. Isso porque o crescimento dos olhos ocorre na primeira infância. E pelo fato de as crianças apresentarem o globo ocular proporcionalmente pequeno, boa parte delas tendem a apresentar hipermetropia nessa fase.
“É muito importante acompanhar essa evolução para ter certeza que isso vai regredir, como ocorre em grande parte dos casos”, explica a oftalmologista do Hospital de Olhos.
“É muito importante acompanhar essa evolução para ter certeza que isso vai regredir, como ocorre em grande parte dos casos”, explica a oftalmologista do Hospital de Olhos.
Além disso, Juliana Guimarães destaca que há um importante marco para a saúde ocular: aos 7 anos, pois, depois dessa idade, algumas condições são praticamente impossíveis de corrigir.
Ela explica que, nessa condição, a criança é capaz de enxergar com um dos olhos, e por isso não apresenta qualquer alteração de comportamento detectável pelos pais ou professores, mas pode estar perdendo a visão de um dos olhos de forma irreversível.
Ela explica que, nessa condição, a criança é capaz de enxergar com um dos olhos, e por isso não apresenta qualquer alteração de comportamento detectável pelos pais ou professores, mas pode estar perdendo a visão de um dos olhos de forma irreversível.
“A criança que sempre enxergou mal não sabe comunicar isso aos pais, por isso não podemos pensar que está tudo bem, porque elas não queixam embaçamento ou outros sintomas. Além disso, nesta mesma fase da infância ocorre o período de alfabetização e os esforços visuais recorrentes em sala de aula e diante das telas de computadores e smartphones”, destaca a especialista em retina e neurovisão.
Segundo Juliana Guimarães, em caso de irritação, coceira, diminuição da visão e/ou vermelhidão, é importante procurar assistência médica. Enjoos em viagens de carros, dores de cabeça muito fortes após esforços visuais prolongados e alta sensibilidade à luz também podem ser um alerta.
Tratamentos
Conforme Tatiana Loures, a boa notícia é que, além de a maioria das condições serem evitáveis ou tratáveis, há, atualmente, diferentes tipos de tratamentos para quase todos os casos e graus de acometimento da visão.
“Temos a cirurgia de catarata, que avança cada dia mais em segurança, tecnologia e resultado. As novas tecnologias das lentes implantáveis visam hoje restaurar a visão para longe e perto, possibilitando uma visão quase semelhante a que o paciente tinha na juventude”, explica, acrescentando que outras cirurgias, como de retina, glaucoma e cirurgia refrativa para remoção de grau, estão cada vez menos invasivas e com técnicas, lasers e resultados cada vez melhores.
O estudante de direito Henrique de Oliveira Freitas Rosa, de 22 anos, se submeteu a umas dessas cirurgias, e com sucesso. Ele conta que essa foi uma escolha pessoal, haja vista que desde os 13 anos fazia uso de óculos de grau e/ou lentes de contato, em razão do diagnóstico de miopia e astigmatismo.
“Hoje, depois da cirurgia, aumentei os cuidados. Tenho que me policiar sempre na hora de coçar os olhos, pingar colírio ou lágrima artificial frequentemente e faço consultas semestrais. E, para mim, isso é muito importante, porque, às vezes, achamos que a visão não está atrapalhando muito no dia a dia, mas quando colocamos os óculos, por exemplo, percebemos que, sim, faz falta”, conta.
Alterações
De acordo com Tatiana Loures, os olhos podem ser considerados como uma espécie de espelho da saúde do corpo humano. Não à toa, segundo ela, os exames oculares são capazes de diagnosticar a presença de doenças sistêmicas, sendo as alterações neste órgão, as primeiras manifestações do acometimento da enfermidade.
“Esse diagnóstico pode, na maioria das vezes, ser feito na consulta de rotina, não sendo necessário nem mesmo exames especiais”, afirma a especialista, que relaciona, ainda, o olho ao corpo humano. Para ela, apesar de os olhos serem uma estrutura pequena, além de responsáveis, em suas palavras, por um dos sentidos mais nobres – a visão –, eles têm, em comunhão com o organismo, diversas funções.
“Isso é ainda mais evidente nos dias de hoje, já que é por meio deles (os olhos) que temos expressado nossas emoções, uma vez que estamos cobertos por máscaras. Por isso, é muito importante a avaliação periódica com um médico especializado em diversas fases da vida, a fim de permitir a detecção de doenças oculares e potencializar o sucesso nos tratamentos. Vamos sorrir com os olhos e deixar que eles sejam, além de espelhos do corpo, o espelho da alma, livre de doenças e com a melhor funcionalidade que puder ter”, diz.
O que pode e o que não pode?
Para garantir que a saúde ocular esteja sempre em dia, além de consultas regulares ao oftalmologista, é importante que o paciente esteja atento e tome vários cuidados. Confira
Nunca!
»Esfregue ou coce os olhos
»Toque os olhos sem lavar as mãos
»Use óculos de grau de outra pessoa ou óculos de sol sem proteção ideal
»Passe pomadas ou use colírios sem prescrição médica
»Olhe diretamente para o sol
»Fique períodos prolongados com os olhos fixos na tela do computador ou celular, principalmente crianças
Sempre!
»Utilize óculos de sol com fator de proteção contra raios UV
»Garanta que os ambientes utilizados para leitura e estudo sejam iluminados corretamente
»Use óculos de proteção quando for nadar no mar ou na piscina e ao praticar esportes
»Limpe e armazene óculos e lentes de contato da forma recomendada
Fonte: Juliana Guimarães, médica oftalmologista e especialista em retina e neurovisão
*Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram