A partir de uma denúncia anônima, o Ministério Público Federal está investigando suposta falsificação da coroa de D. Pedro II, que está exposta no Museu Imperial de Petrópolis, e a substituição de pedras preciosas da coroa original. A direção do museu nega a falsificação - uma réplica foi feita em 2004 pela joalheria Amsterdam Sauer para permitir que a peça seja exibida em outros locais. O MPF informou que "ainda não há nenhuma evidência concreta quanto à troca de peças da coroa original" e pediu informações a respeito da cópia.
A diretora do Museu Imperial, Maria de Lourdes Parreiras Horta, disse que foi surpreendida há cerca de 15 dias com a interpelação do MPF. "A réplica foi feita em 2004, e sua confecção foi amplamente divulgada pela imprensa. Tudo foi feito às claras. Por que agora essa carta anônima? Acho que é para me desestabilizar no cargo", afirmou Maria de Lourdes, que está há 16 anos à frente do museu. Ela disse que descobriu há um mês que a caixa de mensagens eletrônicas do museu havia sido clonada. "A Polícia Federal está investigando".
Maria de Lourdes explicou que foi procurada pela Amsterdam Sauer interessada em confeccionar a réplica. Por contrato, a cópia da coroa fica exposta no museu da joalheria e é cedida ao Museu Imperial durante três meses ao ano, para que possa ser utilizada em exposições itinerantes. "Era uma necessidade nossa e nenhuma outra joalheria se interessou em fazer a peça, que é muito cara" afirmou a diretora.
O MPF quer saber se o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional autorizou a réplica. "Eu tenho autonomia para decidir", respondeu Maria de Lourdes. O Iphan informou que, de fato, a decisão cabe à diretoria do museu. Mas que é praxe os diretores pedirem esse tipo de autorização, como foi feito pelo Museu Histórico Nacional. O Iphan informou ainda que, se o MPF solicitar, poderá disponibilizar laudos técnicos a respeito das pedras preciosas da coroa.
Em sua defesa, Maria de Lourdes explicou que a coroa de d.Pedro II nunca saiu da sala-cofre. Os ourives a examinaram com lupas, fizeram as medições e fotografaram a peça na presença de dois funcionários do museu e de um guarda armado. "Até as dimensões da réplica são diferentes da original, para evitar que recebêssemos acusações de que uma foi trocada pela outra", afirmou Maria de Lourdes.
A coroa de d. Pedro II tem 636 brilhantes e está no cofre há 64 anos - desde que o Museu Imperial foi criado. Fica exposta numa vitrine especial, com sistema de elevador. Ao fim do horário de visitas, a coroa desce para a sala-cofre. Tudo protegido por câmeras, sistemas de alarme e dispositivo que aciona a polícia em tentativa de arrombamento. Na réplica, avaliada em R$ 1 milhão, os brilhantes foram substituídos por quartzos.
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