Relatório da organização não-governamental (ONG) internacional Greenpeace, divulgado nessa quinta-feira, denuncia que 3 mil habitantes da zona rural do município baiano de Caetité, a 759 quilômetros a oeste de Salvador, estão recebendo água contaminada com urânio. De acordo com o Greenpeace, foram realizadas análises com água de 20 poços perfurados em um raio de 20 quilômetros em torno da mina de urânio explorada pela empresa pública Indústrias Nucleares do Brasil (INB).
Das amostras, colhidas em abril e enviadas para análise na Universidade de Exeter, na Inglaterra, duas foram consideradas contaminadas pelo minério, com concentração de até 0,110 miligrama de urânio por litro de água - sete vezes mais do que o permitido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com a ONG, a exposição à água contaminada com o material radioativo estaria causando câncer e anomalias fetais na população.
O Greenpeace denuncia que a contaminação é causada pela empresa, que estaria cometendo irregularidades na operação. A direção da INB nega. "Fazemos análises sistemáticas de nossas operações, em 50 pontos ao redor da mina, e não há nada de irregular", afirma o diretor de Recursos Naturais da INB, Otto Bittencourt Neto. "A área inteira tem o minério. Pode ser que alguém tenha aberto um poço em uma área de ocorrência de urânio.
Porém, o diretor afirmou que a empresa tem a intenção de "fazer novas análises e ajudar a população, se necessário", e aguarda o encaminhamento de denúncia formal ao Ministério Público (MP). A realização de mais análises da água na região foi considerada "urgente" pelo superintendente do Instituto de Gestão de Águas e Clima, do governo estadual, Júlio Rocha. O MP informou que, caso seja constatada a contaminação, pode pedir a suspensão das atividades da INB no local.