A professora de Letras Andréia Barbosa Mendes mora em Brasília e não passa mais de 45 minutos por dia com fone de ouvido. Ela toma cuidado para não deixar o volume do aparelho de MP3 muito alto, mas explica que nem sempre isso é possível. “No metrô, por exemplo, eu aumento o volume por causa do barulho ambiente”, admite.
“Quando o som do aparelho compete com o som ambiente, é melhor evitar usá-lo”, aconselha a otorrinolaringologista Alessandra Zanoni, da Sociedade Brasileira de Otologia. “O barulho do trânsito, por exemplo, chega a 90 decibéis. A longo prazo, escutar música alta na rua pode prejudicar o ouvido”, alerta a médica.
A potência dos aparelhos portáteis de música pode chegar a 120 decibéis, o equivalente à potência de uma turbina de um avião na decolagem.
Dados do Grupo de Estudo de Zumbido do Hospital das Clínicas de São Paulo apontam que 35% dos casos diagnosticados de problemas auditivos se devem à exposição prolongada a sons lesivos, que podem ser produzidos por aparelhos portáteis de música, como tocadores MP3 e os antigos discmans e walkmans.
O primeiro sinal de problema costuma ser um zumbido no ouvido. Cerca de 25 milhões de brasileiros apresentam esse sintoma, mas só 15% procuram ajuda médica.
A perda de audição é irreversível. Por isso, a dica é não exagerar. O ideal é deixar o volume na metade da potência. Se as pessoas ao redor escutam o som que sai do fone de ouvido, o ideal é diminuir o volume do aparelho. Os médicos aconselham a não usar aparelhos de fones de ouvido por mais de três ou quatro horas por dia. Quando perceber alguma alteração no ouvido, a pessoa deve procurar um médico.