Assistir a uma aula de pole dance, sob o comando de Rinara França, de 30 anos, ou de artes sensuais, com Renata Dietze, de 34, é constatar que as mulheres estão desvelando os véus do preconceito e resgatando o feminino perdido no competitivo mercado de trabalho e na luta diária para ser profissional e mãe. Aos poucos, elas invadiram academias em busca de prazer e fantasia, seja por meio de coreografias ensaiadas, cujos temas podem variar do árabe, espanhola, até aprender a fazer um striptease do corpo e da alma. Jogar para fora o cansaço, as máscaras que encobrem a essência feminina e desfazer-se de mágoas, de sentimentos negativos.
Nos estúdios de Rinara, nos bairros Caiçara, Região Noroeste de BH, e São Bento, na Centro-Sul, mais de 150 alunas disputam um dos horários dos turnos da manhã, tarde e noite, com aulas de 60 minutos cada, de segunda-feira a sábado. Para quê? Elas querem aprender a pole dance, ou seja, ganhar força, resistência aeróbica, flexibilidade, tônus muscular e também sensualidade ao descer e subir de um poste fixo no chão e no teto por parafusos. Sempre ao som de músicas que podem elevar os termômetros internos, como a da cantora norte-americana Ciara, com seu último sucesso, Goddies. Professora de educação física, Rinara foi por muito tempo personal trainer, até que viu um vídeo de um campeonato de pole dance no YouTube. “Fiquei louca, saí correndo para comprar uma barra e comecei a treinar sozinha, mas tinha medo de cair”.
Em outro vídeo na internet, Rinara ficou sabendo de um curso na Argentina e passou alguns dias naquele país em treinamento. Voltou com tudo e há um ano conquistou o respeito e admiração de suas alunas. Com uma saia curtíssima de babados de renda, sapatilhas e meias de bailarina, ela ensina alguns dos mais de 500 movimentos da pole dance. O piercing no umbigo, além de uma maquiagem benfeita, revelam que para pole dance tem que estar arrumadíssima e até colocar o salto alto se a professora tiver planos de aula mais puxados e as alunas tiverem intenções mais apimentadas, como, por exemplo, surpreender o companheiro no Dia dos Namorados, que se aproxima.
Por sua vez, Renata Dietze, professora de dança do ventre há 17 anos, sabe como as artes sensuais podem recuperar a autoestima de qualquer mulher. Com dois filhos, se sentindo “um patinho feio” depois de uma separação traumática, ela desenvolveu técnicas de danças sensuais. “Nas aulas de dança do ventre, as alunas me pediam coreografias para apresentar aos companheiros”. Enquanto desenvolvia e dançava as coreografias, ela conseguiu elevar a própria autoestima e a das alunas e desenvolveu um mix que inclui dança na cadeira, no chão e como tirar cada peça de roupa durante um striptease. “O sucesso foi tanto que hoje tenho mais alunas de artes sensuais do que nas outras modalidades”.
Renata assegura inclusive que hoje as mulheres querem dançar muito mais para si mesmas do que para o outro, “um jeito de buscar o autoconhecimento e o feminino, soterrado entre tanta competição e tarefas a cumprir”. Para isso, ela cria coreografias com temas específicos e também usa acessórios para liberar as fantasias, como véus nas danças árabes e leques para as espanholas, entre outros adereços que criam o clima ideal para o romance.