Uma das gigantes do carnaval carioca, a Mangueira conta no carnaval de 2011 a história de um de seus ilustres personagens: Nelson Antônio da Silva, o Nelson Cavaquinho, que completaria seu centenário, se estivesse vivo, este ano. A escola leva ao sambódromo o "caso de amor" entre o sambista e a comunidade da zona norte da capital fluminense. E ao lembrar o encontro de Nelson com a boemia do morro a partir da década de 1930, a Mangueira volta o olhar sobre ela mesma, em uma homenagem velada.
A Mangueira coloca na avenida a história de Nelson Cavaquinho contada por ninguém mais que... o próprio sambista. De acordo com o enredo divulgado pela
Nelson Cavaquinho apareceu no Morro de Mangueira na década de 1930, quando ainda era soldado da Polícia Militar por influência do pai, integrante da banda de música da corporação. Sua história musical - ele tocava cavaquinho na época - acabou por aproximá-lo dos baluartes da Mangueira, Cartola, Carlos Cachaça e Zé Com Fome, entre outros. "Agora, o morro que ele tanto subiu é que desce para exaltar sua vida e sua obra", diz o enredo.
A Mangueira será a última agremiação a entrar na Marquês de Sapucaí no domingo (dia 6). Vem com 4 mil passistas, entre eles a modelo Gracyanne Barbosa. O desfile foi feito "a quatro mãos", como afirma Gonçalves, que divide com Mauro Quintaes a autoria do carnaval deste ano, que vai tentar levar o título que não consegue desde 2002. "A disputa está muito acirrada, mas vamos fazer um carnaval melhor que nos anos anteriores", afirma, ao destacar a afinidade entre os carnavalescos. "A vitória é consequência."
Confira o samba-enredo da Mangueira:
"O filho fiel, sempre Mangueira"
Autores: Alemão do Cavaco, Cesinha Maluco, Xavier, Ailton Nunes, Rifai, Pê Baianinho.
Intérpretes: Luizito, Zé Paulo Sierra e Ciganerey.
Quis o Criador me abençoar
Fazer de mim um menestrel
Traço o meu passo no compasso
Do surdo de primeira
Sou Mangueira!
Trilhei ruas e vielas
Morro de alegria, de emoção!
Procurando harmonia, encontrei a poesia
E me entreguei à boêmia
No Buraco Quente, Olaria e Chalé
Com meus parceiros de fé
Trago violão
No Zicartola, Opinião
Se te encantei com meu talento
Acabo te vendendo uma canção
Passei... Aquela dor venceu espinhos
"Amor Perfeito" em nosso ninho
Que foi desfeito ao luar
Prazer... Me chamam Nelson Cavaquinho
Tatuei em meu caminho
Seletas obras musicais
Sonhei que "Folhas Secas" cobriam meu chão
Pra delírio dessa multidão
Impossível não emocionar
Chorei... Ao voltar para minha raiz
Ao teu lado eu sou mais feliz
Pra sempre vou te amar!
Mangueira é nação... É comunidade!
"Minha Festa", teu samba ninguém vai calar!
Sou teu filho fiel, Estação Primeira,
Por tua bandeira vou sempre lutar!