Rio busca em Cingapura método para combater a dengue
A aplicação do modelo "10 minutos contra a dengue" no Rio foi idealizada pela Secretaria Estadual de Saúde e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo pesquisadores, a ação permanente e coordenada de agentes públicos e moradores pode ser suficiente para evitar que o surto de dengue em partes do Estado se transforme em uma epidemia.
"Basta que a população mude seu comportamento e se acostume a cumprir essa tarefa com frequência. É como escovar os dentes", compara Denise Valle, entomologista da Fiocruz. "É uma rotina de dez minutos, que só precisa ser repetida uma vez por semana, pois 80% dos criadouros estão dentro das casas e o ciclo de reprodução do mosquito dura de sete a dez dias", explica.
Sábado, 150 homens do Corpo de Bombeiros estrearam a ação nas favelas Chapéu Mangueira e Babilônia, no Leme, zona sul da capital fluminense. Eles fizeram vistorias nas casas e distribuíram cartilhas aos moradores, com orientações sobre o controle semanal de 13 possíveis focos de reprodução do Aedes aegypti. As comunidades servirão como projeto-piloto para o modelo e, em quatro semanas, agentes voltarão às casas para verificar se o procedimento foi cumprido.
Nas favelas, os bombeiros encontraram lixo espalhado pelas ruas, casas vazias e caixas d'água destampadas, o que dificultou o trabalho de fiscalização e orientação. "A creche que fica ao lado da minha casa tem uma caixa d'água aberta que vira um criadouro do mosquito quando chove", reclamou a aposentada Miriam Ladeira, de 81 anos. "Eu mesma peguei uma furadeira e entrei lá para fazer um buraco e evitar que a água se acumule. Já tive dengue três vezes e não quero passar por isso de novo".
Até a semana passada, 26.258 casos de dengue foram registrados no Rio, mas a Secretaria Estadual de Saúde nega que haja uma epidemia da doença. O objetivo agora é evitar novos casos, facilitar o tratamento e evitar diagnósticos incorretos. "No começo da epidemia, o sistema fica menos sensível (ao diagnóstico da doença), então trabalhamos para que todo sintoma de virose, até que se tenha uma posição contrária, seja tratado como dengue", declarou Hellen Miyamoto, subsecretária de Vigilância em Saúde.