O vice-cônsul de Portugal em Porto Alegre (RS), Adelino D'Assunção Nobre de Melo Vera Cruz Pinto, está sendo responsabilizado em um suposto golpe contra a arquidiocese da capital gaúcha. O caso, que envolve um depósito de R$ 2,5 milhões na conta do diplomata, é investigado pela Polícia Civil como estelionato.
Representantes da arquidiocese contataram o consulado português em Porto Alegre no início de 2010. Pinto confirmou que auxiliaria na obtenção dos recursos pelo Projeto de Restauração do Patrimônio de Origem Portuguesa. O vice-cônsul teria, inclusive, levado documentos a Portugal e confirmado que a ONG repassaria 70% do valor das obras à arquidiocese.
O depósito
Em dezembro do ano passado, três párocos de Porto Alegre se encontraram em Portugal com representantes da ONG belga, que teria confirmado o investimento para as reformas. No entanto, seria necessário uma contrapartida da arquidiocese: um depósito de R$ 2,528 milhões para a organização.
O depósito foi feito na conta do vice-cônsul como um aporte para garantir o repasse. O combinado era que o dinheiro não seria mexido e voltaria à arquidiocese após o recebimento da doação. No entanto, segundo o responsável pela comunicação social da arquidiocese, padre César Leandro Padilha, o vice-cônsul sacou esse dinheiro, dizendo que era preciso para "adiantar passos do processo". O prazo para receber a doação, dia 31 de janeiro, expirou. Agora, Pinto garante que o aporte feito pela arquidiocese será devolvido até o dia 11 de abril.
"A minha parte era descobrir a materialidade, a prova e a autoria, o que já tenho o suficiente para encaminhar o inquérito", explicou o delegado Paulo César Jardim.
Imunidade diplomática
A polícia não pode ouvir Pinto, por este estar salvaguardado pela imunidade diplomática. Dessa maneira, o Ministério de Relações Exteriores será comunicado pelo delegado Jardim para tomar as medidas necessárias junto ao governo português. O objetivo é colher um depoimento do diplomata.