Jornal Estado de Minas

Brasil já é o terceiro país com maior número de cadastrados para doar medula óssea

Márcia Maria Cruz
Entre todos os sentidos que podem ser atribuídos ao verbo doar, dedicar é o que mais se aproxima da descrição do ato de solidariedade que é a doação de medula óssea. “As pessoas não devem ter medo nenhum. É muito bom e muito rápido. O mundo está precisando de amor e solidariedade”, afirma Aparecida Azevedo Silva Cabral, de 49 anos, que, por meio do seu gesto, deu nova vida para a irmã, a aposentada Ivone Azevedo Silva, de 47, que superou com o transplante um mieloma múltiplo. Como tratamento definitivo, o transplante veio dois anos depois de Ivone ter sido diagnosticada.
Conjugar esse verbo precisa ser cada vez mais comum entre os brasileiros. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCa), atualmente, no Registo Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (Redome), há 2 milhões de candidatos à doação cadastrados. O Brasil é o terceiro país com o maior número de cadastros.

O verbo é da mesma natureza semântica de outros, como amor: não é algo finito, muito pelo contrário. Quanto mais amor melhor, quanto mais doações melhor. É necessário que esse cadastro cresça exponecialmente. “Quanto mais gente se cadastrar, maiores serão as chances de se encontrar alguém compatível”, afirma Hellen Luiza Dupin, responsável pela equipe de capacitação do Hemocentro de Belo Horizonte. Encontrar alguém compatível é muito difícil. A cada 100 mil cadastros, pode-se encontrar um doador compatível. Por essa razão, 1,3 mil pessoas esperam encontrar um doador.

A medula óssea é encontrada no interior dos ossos. Popularmente, é conhecida como tutano, e é o local onde são produzidos os componentes do sangue: as hemácias ou células vermelhas, que são responsáveis pelo transporte de oxigênio na circulação; os leucócitos ou células brancas, que agem na defesa do organismo; e as plaquetas, que atuam na coagulação do sangue.

Muita gente, porém, não doa por medo ou por desconhecimento do que é a doação. “Para beneficiar e aumentar as chances de cura, muitos doentes portadores de doenças hematológicas graves, na maioria das vezes, crianças e adultos jovens necessitam de doadores voluntários de medula óssea. Para a manutenção desse registro de doadores, é necessário o envolvimento contínuo da sociedade para que continuemos salvando vidas”, afirma Fernanda Maia Lodi, hematologista do Serviço de Transplante de Medula Óssea do Hospital das Clínicas da UFMG.