Carta deixada por atirador mostra conteúdo delirante típico de mente psicótica, diz psicólogo
Para o psicólogo, mais do que vinculados a qualquer religião, os rituais descritos por Wellington na carta estão mais relacionados à questão da castidade. %u201CEle se coloca como uma pessoa virgem, que não pode ser tocada por pessoas impuras, o que, segundo essa concepção, seriam aquelas que praticaram sexo antes do casamento%u201D, observou Passos.
Com base em sua experiência, Passos considera que, no caso de Wellington, faltou um devido acompanhamento terapêutico. %u201CO mais importante a ressaltar neste momento é que o Wellington não é apenas um monstro. Essa visão apazigua a sociedade. Todas as questões são centradas nele, mas o fato, a rigor, é que ele era um doente mental sem tratamento. Faltou um olhar em direção a vários sinais que ele vinha emitindo desde a infância e a adolescência, como introversão e isolamento pessoal.%u201D
Para o psicólogo, se esses sinais tivessem sido, ao longo do tempo, devidamente observados e tratados, a história de Wellington poderia ter outro desfecho. %u201CQuem sabe se um psicólogo ou psicanalista poderia manejar o curso desse delírio e impedir que ele se desencadeasse dessa forma?%u201D, indaga.
Há dez anos também atuando como psicólogo forense no sistema prisional fluminense, Passos explica que o massacre praticado por Wellington se distingue dos mais comumente executados por doentes mentais. %u201CGeralmente, em crimes desse tipo, o autor responde a vozes de comando, alucinações etc. Mas, no caso dele, a ação foi premeditada, embora dentro do curso de um delírio, no qual ele não era possuidor de um juízo crítico, consequente.%u201D
Passos observou ainda que é curioso o fato de a carta ser correta do ponto de vista gramatical e semântico. %u201CMas, do ponto de vista pragmático, está dissociada da realidade%u201D, afirma.