Segundo Barros, existem poucos elementos conhecidos para que seja estabelecido um diagnóstico psiquiátrico do atirador. Nem mesmo a carta deixada por Wellington pode dar pistas sobre a existência de uma possível doença mental. “Ela (carta) tem um conteúdo estranho, mas não se pode dizer que a carta é uma evidência de doença mental”, disse o médico.
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Dramaturgo defende teatro associado à educação para superar bullyingEscola terá papel fundamental na superação da dor, diz psicóloga sobre tragédia do RioParentes ainda não compareceram ao IML para liberar corpo de atirador de RealengoCarta deixada por atirador mostra conteúdo delirante típico de mente psicótica, diz psicólogoDelegado desconfia que atirador sofria de transtornos mentaisSobreviventes baleados em escola no Rio ainda estão em estado graveCorpo da última vítima de massacre é cremado no RioMuro de casa onde morou atirador de Realengo amanhece pichadoPara Barros, o que é possível dizer sobre o caso é que se trata de um crime com características de vingança. “Existem algumas motivações por trás do assassinato em massa. Crime de vingança é aquele no qual a pessoa tem um histórico naquele lugar, para onde ela volta depois de um tempo e se vinga do sistema que a excluiu ou que a fez mal. Esses crimes são bastante planejados, com antecedência, e não são crimes impulsivos. O que parece ter sido bem a característica desse caso”, afirmou.
Barros ressaltou que, para crimes como esse, não existe prevenção possível. “É difícil a gente planejar ou propor uma medida preventiva para esse tipo de ação porque é muito excepcional. Você não consegue se preparar para algo que é a exceção da exceção."
De acordo com ele, também não é possível afirmar que o atirador tenha cometido esse crime por ter sofrido bullying na escola. “Não dá para dizer, com certeza, que ele foi vítima de bullying, mas esse tipo de assassinato em massa, dentro de escola, na maioria das vezes é feito por ex-alunos que eram, ali dentro, excluídos, isolados e individualmente maltratados. São dados da literatura universal”, afirmou.
O que preocupa o psiquiatra com relação a esse caso é a tentativa de atribuir uma doença mental como a grande motivadora do crime, o que pode gerar ainda mais preconceito em relação a pessoas que sofrem com esses problemas. Segundo Barros, a maioria dos doentes mentais nunca comete crime nenhum.
" É importantíssimo ressaltar isso, porque quando acontecem casos como esse e se começa a falar que o acusado podia ser um doente mental, volta aquele velho estigma de que o doente mental é perigoso, que a loucura tem a ver com crime, e isso são preconceitos que precisamos combater. A maioria das pessoas que cometem crimes não têm doença mental. E mais do que isso: a maioria dos doentes mentais é vítima. Não são criminosos”, ressaltou Barros.
O psiquiatra ressaltou que os transtornos mentais são tratáveis à base de remédios ou de terapias específicas e que, na maior parte dos casos, as pessoas que sofrem desse mal não cometem atos violentos. “Se tiver risco delas estarem envolvidas em questões de violência é muito mais provável elas serem vítimas do que criminosas".