Pais, professores e psicólogos tiveram nesta quinta-feira, durante uma reunião para preparar o retorno das atividades da Escola Municipal Tasso da Silveira em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, uma amostra da difícil tarefa de convencer os alunos a retomar a rotina, após o massacre da semana passada. Muitos jovens matriculados no turno da manhã, que presenciaram a matança, estão traumatizados e não querem voltar ao colégio.
Matrícula materna
O medo das crianças alterou a rotina de várias famílias. A costureira Rosângela da Costa Cruz, de 46 anos, até se matriculou na escola e voltará a estudar, a pedido da filha, Lorrainy Cruz, de 15 anos. A garota não aceita ir à escola sozinha, depois que viu a melhor amiga, Laryssa, ser assassinada pelo atirador Wellington Menezes.
Lorena Rocha, de 14 anos, não considera a hipótese de pisar na escola novamente. Suas primas, as gêmeas Bianca e Brenda, foram baleadas pelo atirador. A primeira morreu, e a segunda ficou ferida. A mãe de Lorena já conseguiu uma bolsa de estudos para a sobrevivente, em um colégio particular da região.
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Pais de alunos da Escola Tasso da Silveira aprovam cronograma de retomada das aulasPreso suspeito de vender arma para atirador do RioQuadro de saúde de adolescentes baleados na tragédia de Realengo evolui bem, diz secretariaA vendedora Elisabeth Gomes do Nascimento, de 32 anos, esteve hoje no colégio para ouvir do psicólogo o que fazer com o filho Matheus Gomes do Nascimento, de dez anos. "Ele só dorme com a luz acesa e toma banho com uma vassoura escorando a porta, para não fechar. Ele diz que não quer sair, porque tem muita gente maluca no mundo".