Explosões sequenciais em quatro bueiros voltaram a assustar e a ferir pedestres no Rio de Janeiro. Nesta segunda-feira, o problema ocorreu em um dos trechos mais movimentados do centro. A traseira de um Honda Civic foi parcialmente destruída pela tampa de uma das caixas subterrâneas. É o quinto caso semelhante ocorrido em duas semanas. Duas pessoas ficaram levemente feridas e foram socorridas no Hospital Souza Aguiar.
O dono do carro atingido disse que vai cobrar uma indenização da Light, distribuidora de energia e responsável pela operação, manutenção e segurança das redes subterrâneas. No entanto, ele afirmou que isso não é o mais importante. "É para eles tomarem vergonha. Isso ainda vai matar gente. Essa cidade não tem condições de fazer uma Olimpíada", disse o advogado Rodrigo Façanha, dono do Civic. O trecho da Rua da Assembleia entre a Avenida Rio Branco e a Rua da Carioca, onde houve as explosões, foi interditado pela Guarda Municipal.
Na semana passada, depois que chamas saíram de um bueiro no Flamengo, zona sul, o presidente da Light, Jerson Kellman, atribuiu os problemas à terceirização das equipes técnicas responsáveis pela manutenção subterrânea. Há uma semana, um telefone público foi destruído pelas chamas do bueiro e os bairros de Laranjeiras e Botafogo, além do Flamengo, ficaram sem luz. Hoje, em nota, a empresa informou que aguarda "o final do trabalho de perícia para acessar a rede subterrânea e iniciar os serviços de manutenção".
O Ministério Público do Estado rejeitou na semana passada proposta de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) apresentada pela concessionária. A Light se comprometera a pagar multa de R$ 100 mil em casos de morte ou lesão corporal (grave ou gravíssima) causadas por explosões de bueiros. De acordo com o MP, a multa também deve ser aplicada em casos de dano ao patrimônio público ou privado. "Qualquer tipo de explosão que cause dano será o suficiente para a aplicação da multa", afirmou o promotor Rodrigo Terra.
A empresa - que teme a eventual aplicação, pela Justiça, de multa de R$ 1 milhão por cada nova explosão - tem mais uma semana para apresentar uma nova proposta. Caso a concessionária não aceite a ampliação do tipo de ocorrência, o MP deverá reiterar o pedido de liminar pleiteando a multa de R$ 1 milhão. O compromisso no TAC não isenta a empresa de responsabilidade civil.
O documento prevê um cronograma para a reforma de câmaras subterrâneas, com monitoramento e uso de sensores eletrônicos de gás, água e presença humana. No domingo passado, um bueiro explodiu na Rua Conde de Bonfim, na Tijuca, zona norte. Um homem ficou ferido. Em junho de 2010, um casal de turistas americanos foi atingido. Arremessada a uma distância de cerca de oito metros após o estouro, Sara Lowry, de 28 anos, teve 80% do corpo queimado. O marido dela teve queimaduras em 35% do corpo.