Familiares das vítimas do massacre de Realengo, ocorrido no Rio de Janeiro, em abril deste ano, compareceram nessa quarta-feira à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados para relatar as dificuldades que vêm sofrendo nos meses após a tragédia. Segundo mães das crianças, a Prefeitura do Rio de Janeiro não está oferecendo suporte para as famílias se adaptarem à nova vida. Elas reclamam que o auxílio de R$ 700 solicitado pela Associação Anjos de Realengo durante dois meses não foi pago integralmente e que a prefeitura vem sinalizando que não manterá a ajuda.
A presidente da Associação Anjos de Realengo, Adriana Maria da Silveira Machado, mãe de Luiza Paula, falecida na tragédia, relatou que a prefeitura ofereceu um acordo em que indenizaria em 500 salários mínimos — cerca de R$ 250 mil — as famílias das 12 vítimas. “Essa indenização pode até ajudar, mas não preenche o vazio que ficou. Com a vida da minha filha foi embora a nossa saúde, a nossa alegria”, diz. Ela relata que, após a morte de Luiza, seu marido enfartou duas vezes e seu pai, uma vez.
A deputada Liliam Sá (PR-RJ) decidiu convidar os familiares das vítimas após três meses de espera por uma audiência com o prefeito, Eduardo Paes (PMDB). Segundo ela, várias reivindicações dos pais das vítimas não estão sendo tratadas como deveriam. É o caso de Andréia Tavares Machado, mãe de Thayane Tavares, 14 anos, que ficou paraplégica após receber um tiro. “Entregaram umas apostilas para a Thayane estudar em casa, mas ela não tem nenhum acompanhamento. Está muito difícil levar minha filha para qualquer lugar porque minha casa não tem estrutura para cadeira de rodas”, diz.
A comissão protocolou requerimento de informação para a Prefeitura do Rio sobre o que vem sendo feito para auxiliar os familiares das vítimas e vai solicitar audiência com Eduardo Paes para pressionar pelo apoio às vítimas. Segundo a presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, Margarida Pressburger, a responsabilidade por assistência em casos como o de Realengo e do Estado, já que, constitucionalmente, a segurança deve ser assegurada em nível municipal, estadual e federal.