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Estado de Minas

Pais do jovem que morreu após usar suplemento denunciam academia e instrutor

Wilson, 18 anos, morreu por complicações pulmonares e os pais acreditam que a sua morte tenha sido causada pelo uso do suplemento alimentar Jack3d


postado em 29/09/2011 10:00 / atualizado em 29/09/2011 10:20

(foto: Nando Chiapetta/ DP? D. A Press)
(foto: Nando Chiapetta/ DP? D. A Press)
Os pais de Wilson Sampaio Júnior, encontrado morto dentro do banheiro de casa, na manhã do dia 5 de maio, após fazer uso do suplemento alimentar Jack3d, formalizaram nessa quarta-feira no Conselho Regional de Educação Física (Cref) a denúncia contra a academia onde o filho de 18 anos malhava no bairro de Boa Viagem e contra o professor que indicou e vendeu o Jack3d pelo preço de R$ 180. A transação aconteceu no espaço da malhação, em abril. Além dessa queixa, o Cref também recebeu uma denúncia de outra academia da Zona Sul onde o produto estava sendo comercializado livremente. O Jack3d tem venda proibida no Brasil por não se enquadrar como alimento nem como suplemento alimentar mas, mesmo assim, virou febre entre os malhadores do Grande Recife e tem sido consumido ainda misturado a bebidas alcoólicas em festas noturnas.

Wilsinho morreu por complicações pulmonares e os pais acreditam que a sua morte tenha sido causada pelo uso do produto. Hoje à tarde, a funcionária pública Marcelle Sampaio, 41, e o dentista Wilson Sampaio, 48, irão formalizar uma queixa também na Delegacia do Consumidor. Ontem, foram ao local, mas o delegado não estava.

“Recebemos a denúncia dos pais e vamos começar a investigar o caso. A informação que nós recebemos é de que um professor de educação física vendeu o produto dentro da academia. Isso é crime. Não pode acontecer de jeito nenhum, mas precisamos apurar a veracidade e saber se essa pessoa é realmente um profissional de educação física”, ressaltou o conselheiro do Cref Alfredo Telino. A reunião entre os pais de Wilsinho e os membros do conselho aconteceu a portas fechadas e durou duas horas e meia. Marcelle e Wilson procuraram o Cref para dizer que o filho chegou em casa falando sobre o produto que foi apresentado a ele dentro de uma badalada academia de Boa Viagem. “Ele nos pediu o dinheiro para comprar e disse que o professor teria informado que o produto era natural e não fazia mal”, lembrou Marcelle. Segundo especialistas, o suplemento age no cérebro causando mal-estar, tontura, desmaio, além da aceleração cardíaca, picos de pressão e insônia.

Rótulo do suplemento Jack3d(foto: Reprodução)
Rótulo do suplemento Jack3d (foto: Reprodução)
No bate-papo de um site de relacionamentos, Wilsinho chegou a conversar com o professor perguntando que horas poderia pegar o produto na academia. A resposta do professor foi de que se ele não estivesse na academia, o garoto poderia pegar o Jack3d com outro profissional. Isso revela que a comercialização do suplemento era realizada com o conhecimento de muitas pessoas e há suspeitas de que outros alunos tenham comprado o Jack3d no mesmo local. “Uma vizinha do prédio tem um filho que malha na mesma academia e comprou o produto lá também”, alertou Marcelle. Até o início das publicações das matérias no Diario, no último sábado, o produto continuava sendo oferecido nas dependências da mesma academia.

Entrevista com Rosângela Albuquerque, do Conselho Regional de Educação Física (Cref):

Que procedimentos serão tomados agora depois da denúncia formalizada?
Daremos início ao nosso processo de investigação ao mesmo tempo em que a polícia também estará investigando o caso pelo lado criminal. Abrimos um processo administrativo e vamos investigar se o caso foi de exercício ilegal da profissão.

O Conselho Regional de Educação Física pretende fazer alguma inspeção na academia onde o produto foi comprado?
Não iremos revelar o nome da academia, nem a forma como iremos proceder para investigar o caso. Já temos o nome da pessoa que fez a indicação e a venda do produto, mas ainda não sabemos se realmente ele é um profissional de educação física.

Professores de educação física podem indicar suplementos alimentares aos alunos?
De maneira nenhuma. Quem pode prescrever suplementos alimentares são nutricionistas. Professores indicam apenas exercícios. Mesmo que os professores recomendem algum produto, os alunos devem procurar um médico.

Que penalidade pode sofrer um profissional que indica ou vende produtos considerados ilegais?
Ainda estamos no início da investigação e não podemos dizer qual será o desfecho desse caso, mas quando as denúncias são comprovadas, o professor é submetido à Comissão de Ética e a punição pode ser a cassação do registro profissional.


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