Jornal Estado de Minas

Especialistas revelam confusão da tripulação do voo Rio-Paris

Relatos informam que copiloto teve ações confusas quando ocorreu uma forte turbulência

AFP
Os especialistas judiciais que analisaram as duas caixas pretas do Airbus Rio-Paris que caiu no mar ao longo da costa brasileira em junho de 2009, deixando 228 mortos, indicaram uma "confusão na tripulação", segundo seu relatório consultado pela AFP. "Até agora, peritos não tiraram nenhuma conclusão da consulta dos gravadores", avisa a introdução deste relatório.
De acordo com as gravações, os pilotos ficaram preocupados quando observaram uma grande concentração de massa no radar. "Temos uma 'coisa' bem na nossa frente", disse um deles. Isso foi à 01h35. A turbulência começou a aumentar meia hora depois. Porém, os especialistas explicaram no relatório que "a situação meteorológica tinha sido avaliada como não preocupante pelo comandante".

Poucos minutos depois, o piloto automático foi desativado. Na ausência do comandante, que foi descansar, o copiloto que assumiu "teve uma ação sobre o manche. Esta ação foi mantida de forma imprecisa e confusa". A aceleração vertical do avião continuou "aumentando de forma sensível", de acordo com os peritos.

Logo em seguida, o copiloto "manifestou seu espanto e incompreensão a respeito das informações que recebia", explica o relatório. "Não tenho mais controle sobre o avião", teria afirmado o piloto quando o comandante voltou para a cabine. "Estamos perdendo o controle", repetiu outro piloto mais tarde. Os especialistas levantaram dúvidas sobre as "indicações visíveis nas telas". "Não tenho mais indicações", disse um dos copilotos. "Estamos indo em uma velocidade louca", completou outro.

De acordo com os peritos, "a confusão começou a reinar entre os membros da tripulação". Diversas situações que comprovam isso constam no relatório. Os pilotos "sequer mencionaram o início da perda de altitude do avião" que, segundo os peritos, "não foi percebido pela tripulação". Os especialistas explicam que, "apesar de alarmes sonoros e visuais", os pilotos pareciam "não ter identificado o problema e não ter tomado qualquer medida para resolvê-lo".

O congelamento em sensores de velocidade foi a única falha técnica observada desde o início do inquérito, mas os especialistas afirmaram desde o início que esta não poderia ser a única causa do acidente. As famílias das vítimas da queda do voo Air France Rio-Paris devem ser recebidas na quarta-feira pela juíza de instrução Sylvia Zimmermann para receberem novas informações sobre a investigação.