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Estado de Minas

Lixo hospitalar utilizado em confecção de roupa pode ter levado à contaminação


postado em 23/10/2011 07:56

O que começou com a apreensão, no Recife, de contêineres contendo lençóis usados em hospitais dos Estados Unidos acabou se revelando um problema de risco à saúde pública ainda maior. Denúncias de que fábricas de tecido usam os produtos para a confecção de roupas vendidas em todo o país, de que eles vão parar em camas de hotéis e motéis brasileiros, e de que há unidades de saúde brasileiras fornecendo os mesmos materiais para esses fins acionaram o sinal de alerta entre autoridades e consumidores.

Os especialistas são cautelosos na hora de avaliar a dimensão do problema. Mas, para se ter uma ideia, já foram apreendidas 91 toneladas de lençóis usados, levando em conta as apreensões no Porto de Suape (PE), em 11 e 13 de outubro, e em fábricas da Império do Forro de Bolso, no mesmo estado, nos dias seguintes. Essa quantidade de tecido seria suficiente para fazer bolsos para cerca de 7 milhões de calças jeans, segundo Fernando Pimentel, diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção(Abit).

A infectologista Valéria Paz Lima, do Hospital Universitário de Brasília (HUB), alerta para os riscos de contaminação em pessoas que tenham contato com roupas e lençóis provenientes de resíduos hospitalares. “Esses tecidos precisam de cuidados importantes porque há pacientes infectados por bactérias multirresistentes ou com doenças como aids ou algum tipo de hepatite que podem ser transmitidas”, alerta. Segundo a médica, o processo de lavagem e de descontaminação do hospital é fundamental para evitar o ciclo de transmissão de agentes. “Mancha de sangue é inaceitável. Não se recomenda a reutilização de material hospitalar fora do hospital, porque existe o risco de estar presente um micro-organismo naquele tecido. É uma exposição desnecessária porque se for uma pessoa com saúde debilitada há maior possibilidade de infecção”, aponta a médica.

BACTÉRIAS DIFERENTES

Valéria considera o uso de tecidos enviados por hospitais norte-americanos ainda mais grave que o de hospitais brasileiros. “As bactérias dos Estados Unidos são diferentes das que existem aqui e essa é uma maneira de introduzi-las no nosso país”, observa a médica, recordando o episódio, em 2010, das 22 mortes causadas pela KPC. Segundo ela, a bactéria surgiu primeiro nos Estados Unidos e somente depois chegou ao Brasil. “Como ela veio parar aqui?”, questiona a infectologista, admitindo a possibilidade de transmissão por meio dos tecidos embarcados clandestinamente ao Brasil.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, quinta-feira, nota técnica comentando o assunto. Segundo o documento, os tecidos usados em hospitais “só devem ser reutilizados depois de processamento específico que garanta a eliminação do risco, realizado em unidades de manipulação de roupas de serviços de saúde”. Em um manual de orientação relacionado ao processamento de roupas de serviços de saúde publicado em 2009, a agência garante que o risco de contaminação é baixo quando o tecido recebe o tratamento devido.


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