Os três suspeitos prestaram depoimento na delegacia da PF em Ponta Porã, mas seus nomes e nacionalidades não foram divulgados. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), há suspeitas de que paraguaios tenham participado do ataque ao acampamento, no último dia 18. O acampamento fica próximo à fronteira com o Paraguai.
Quanto aos três jovens supostamente raptados, não foram encontrados, até o momento, indícios deles, nem foi registrada queixa. Ainda assim, a denúncia não foi descartada.
De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), os Guarani-Kaiowá são, atualmente, o mais numeroso povo indígena do país, com mais de 45 mil pessoas. A maioria delas vive em situação de miséria, ocupando 42 mil hectares (o equivalente a 420 milhões de metros quadrados, ou 42 mil campos de futebol). Segundo o relatório sobre a violência contra os povos indígenas produzido pelo Cimi, 250 indígenas foram mortos em Mato Grosso do Sul nos últimos oito anos.
Segundo líderes indígenas da região, mesmo diante da repercussão do desaparecimento do cacique, pistoleiros continuam ameaçando os índios, pressionando-os para que deixem os acampamentos. Na última segunda-feira (28), índios do Acampamento Pyelito Kue, próximo ao município de Iguatemi, denunciaram que dois homens em uma moto invadiram o local atirando e prometeram voltar.
Os Guarani-Kaiowá cobram rigor nas investigações a cargo da PF e querem a prisão dos responsáveis e dos envolvidos no ataque ao acampamento. Ontem (30), eles realizaram a Marcha contra o Genocídio e pela Paz, ato que, segundo os organizadores, reuniu 500 indígenas e simpatizantes da causa. O grupo caminhou cerca de sete quilômetros pela rodovia MS-86, que liga Ponta Porã a Amambai. O ato foi encerrado no acampamento Tekoha Guaiviry.
No último fim de semana, os índios que participaram da Aty Guasu (espécie de assembleia com caráter de movimento político do povo Guarani) divulgaram um manifesto em que pedem intervenção federal no estado. No documento, eles afirmam que o governo sul-mato-grossense é incapaz de garantir a segurança dos indígenas.
Segundo o coordenador regional do Cimi no estado, Flávio Vicente Machado, o grupo teme que, com o passar dos dias, o assunto caia no esquecimento e as buscas aos desaparecidos sejam encerradas. “O clima continua muito tenso na região. Os índios continuam sendo intimidados e temiam que, mesmo com toda a repercussão, o caso simplesmente fosse deixado de lado em função dos interesses econômicos e da correlação de forças políticas no estado”, disse Flávio