Ela ainda guarda suas roupas em caixas de papelão. A família vive com R$ 200 que o marido dela, Antônio Basili, de 40 anos, recebe como soldador e R$ 300 que o filho Maciel, de 17, ganha em uma escola de tênis. Desempregada, Maria Helena estudou só até a 1.ª série. Ela conta que foi várias vezes à prefeitura, mas não conseguiu o aluguel social. Agora, espera receber do Estado.
Uma vizinha da família no Alto do Floresta, Maria de Lourdes Oliveira, de 60 anos, afirma que a Defesa Civil nunca subiu lá. A casa dela, no topo do morro, tem uma rachadura que corta todo o piso da sala. "Quando começa a chover, até estremece. Medo a gente tem, mas vai para onde?" No consultório transformado em quarto para receber a família de Maria Helena, não há espaço para cinco camas. Trinte e oito pessoas continuam vivendo no abrigo. O varal fica no corredor.
"Para vocês da imprensa passou um ano. Para a gente, foi ontem", diz Gilberto de Souza Filho, da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social de Nova Friburgo. Ele reconhece que o local "não tinha e não tem" estrutura. "A culpa não é nossa. Eram 980 pessoas em 93 abrigos. Hoje, temos 38 e só nesse." Souza termina a conversa com uma promessa: "Até o fim do mês, não haverá ninguém em abrigo."