O ex-ativista da extrema-esquerda italiana Cesare Battisti, pedido em extradição em seu país por quatro assassinatos cometidos nos anos 70 e asilado no Brasil, esteve nesta terça-feira no Fórum Social Mundial (FSM) para falar de seu novo livro.
O romance "Ao pé do muro", inspirado nos anos de prisão no Brasil, é o último da trilogia que já teve "Minha fuga sem fim" e "Ser bambu". A obra será lançada ao mesmo tempo na França e no Brasil, no mês de março", adiantou Battisti à AFP.
Ele escreveu o romance no cárcere, enquanto esperava uma decisão do governo brasileiro sobre se o extraditava ou não para a Itália. "É uma obra na primeira pessoa, que conta histórias de presos, mas que nos permite ir descobrindo o Brasil", explicou.
Mas não é uma autobiografia, apenas ficção. "A realidade seria muito forte para ser digerida", disse.b Participantes do Fórum Social identificaram-no e se aproximaram dele: "Apoiamos a luta para que fique no Brasil", disse uma ativista.
O caso Battisti dividiu o Fórum Social Mundial de 2009, em Belém, entre as ONGs brasileiras e as italianas. Condenado em seu país por quatro assassinatos nos anos 70, Battisti, que se diz inocente, viveu no exílio no México e na França, onde passou a escrever romances policiais.
Fugiu para o Brasil em 2004, quando a França ia rever a concessão de asilo, tendo sido detido no Rio de Janeiro em 2007. Permaneceu na prisão até junho de 2011. O ex-presidente Lula rejeitou o pedido de extradição encaminhado pela Itália no último dia de seu governo, 31 de dezembro de 2010.