São José dos Campos –A Polícia Militar estima que a operação em Pinheirinho, em São José dos Campos, termine nesta quarta-feira. Em um clima mais tranquilo, o trabalho de remoção de móveis e demolição de casas desocupadas continuou durante todo o dia de ontem. Na manhã desta terça-feira, porém, houve uma tentativa de incêndio de um caminhão, mas ação foi controlada rapidamente. Na segunda-feira à noite, um veículo foi incendiado nas proximidades da área, ocupada há sete anos e 11 meses por cerca de 6 mil pessoas.
A demolição das casas começou na tarde de segunda-feira – havia cerca de 1.700 imóveis no terreno, de 1,3 milhão de metros quadrados. No local viviam 1.600 famílias, que estão sendo acompanhadas por policiais militares e por um oficial de Justiça na retirada de seus pertences, que saem em caminhões contratados pela massa falida da empresa Selecta, do investidor Naji Nahas, ou pelos próprios moradores. Aqueles que não têm para onde levar seus móveis e utensílios dispõem de depósitos, também de responsabilidade da massa falida, para guardá-los.
Alguns moradores que permaneciam no centro de triagem montado pela prefeitura para cadastrar os desabrigados reclamaram, porém, que, quando foram buscar seus pertences, o imóvel já tinha sido demolido e os móveis tinham sido recolhidos sem sua presença.
O lubrificador Manoel Nascimento Paim, de 56 anos, disse que tentou se certificar de que só iam demolir seu barraco depois que ele retirasse suas coisas de lá, mas, ao chegar hoje de manhã, ao local tudo já estava no chão. “Perdi meus documentos e estou de chinelo. Que cidadão sou eu que não tenho mais nada? Virei um mendigo, porque não me deram a chance de tirar as minha coisas de dentro da minha casa. E ainda paguei transporte e não encontrei minhas coisas”, reclamou.
A atendente Quézia Vieira da Silva, de 30 anos, passou pela mesma situação quando foi procurar seus móveis e roupas: só encontrou a casa no chão. Quézia contou que tentava buscar suas coisas desde às 9h da manhã de ontem. “Temos que pegar uma senha e esperar nossa vez para pegar as coisas. Cheguei lá e não tem mais nada. Eles demoliram tudo. Eles falaram que minha mudança foi para um depósito, e eu fui lá e não encontrei nada. Fico indignada, onde está meu direito?”, perguntou.
A doméstica Maria de Lurdes da Silva disse que está há três dias com a roupa do corpo e sem conseguir pegar seus pertences. “A Polícia não deixa entrar e os tratores já estão lá dentro quebrando tudo. E nossos móveis? E nós, sem roupas para trocar? Estou sem trabalhar há três dias, vou perder meu emprego desse jeito. Meus três filhos estão com a mesma roupa há três dias”, contou a doméstica.
De acordo com informações da Secretaria de Desenvolvimento Social do município, até a manhã de hoje haviam sido cadastradas 925 famílias e 250 já tiraram a mudança de casa. Segundo a secretaria, aqueles que não têm para onde ir estão sendo encaminhados para três abrigos. Eles recebem alimentação, colchões, cobertores e kits de higiene. Até a manhã de hoje permaneciam nos abrigos 770 pessoas.
O capitão Antero Alves Beraldo, da Polícia Militar, informou que 400 policiais trabalharam na operação de hoje dando cobertura aos 45 oficiais de Justiça que trabalham no local. No início, eram cerca de 2 mil policiais. De acordo com o capitão, isso indica que o trabalho está bem adiantado e fluindo mais tranquilamente. Ele confirmou que não houve mortos, nem feridos graves ou mesmo leves durante a operação. Balanço parcial da operação diz que foram detidas 32 pessoas e nove presas.