A pouco mais de um mês do início das aulas, alunos e funcionários da Universidade de Brasília (UnB) estão preocupados com possíveis contaminações pelo mosquito da dengue. Entulho e água parada, facilmente encontrados nas dependências da instituição, despertam a insegurança em quem frequenta o local. Além da UnB, o trabalho de monitoramento da Diretoria de Vigilância Ambiental, da Secretaria de Saúde (SES/DF), identificou quatro regiões com alto índice de infestação e risco de surto: Asa Sul, Guará 1 e 2, Lago Sul e Park Way.
O estudante de matemática Aristóteles Soares Benício Júnior, 23 anos, garante que o problema sempre existiu. “Quase em todo lugar da UnB vemos pernilongos aos montes. E no subsolo é pior”, afirma. Segundo ele, é fácil identificar o transmissor da dengue. “Nós somos atacados por eles. Na sala de aula, não tem como fugir. Como eles voam baixo, quando sentamos na cadeira, eles podem picar qualquer parte do corpo. Segundo Benício Júnior, os mosquitos são vistos durante o ano inteiro. “Não tem um período certo. A gente fica com receio, pois a dengue é perigosa.”
De acordo com o professor Francisco Cassiano, prefeito do câmpus, o trabalho de limpeza na UnB já começou. O professor diz que o lixo e o entulho se acumularam devido à greve dos servidores, que durou cerca de três meses. “Enquanto as obras para reparos não começam, temos tomado medidas paliativas, como colocar telas nos ralos para que os mosquitos não depositem os ovos.” Outro trabalho importante, segundo ele, é a criação de um grupo de prevenção dentro da universidade. “Cinco funcionários passarão por treinamento para fazer um trabalho constante.” Ainda sem pessoal definido, o projeto não tem data para começar.
Estado de alerta
Na quarta-feira, a Secretaria de Saúde divulgou o índice de infestação da dengue. As regiões mais preocupantes são a Asa Sul, o Guará 1 e 2, o Lago Sul e o Park Way, que chegaram ao índice de 3,9%, considerado alto. O número equivale a cerca de quatro casas, entre 400, com foco do mosquito. “O ideal é que o índice seja zero, mas consideramos satisfatório abaixo de uma casa por 100 visitadas. De 1% a 3,9%, já é estado de alerta. Acima de 4%, a área é considerada como possível surto de dengue”, adverte Kênia Cristina. Dados da Vigilância Ambiental apontam que 10 localidades do DF tiveram o índice de infestação abaixo de 1%. Outras 22 alcançaram de 1% a 2,4%.
Para monitorar o aumento ou a diminuição dos focos da dengue, armadilhas foram espalhadas em várias regiões do DF. “Elas simulam o ambiente favorável para a fêmea e são utilizadas para a captura dos ovos”, explica a gerente de operações de campo da Vigilância Ambiental. São potes plásticos e de cor preta com uma infusão de cheiro forte que atrai a fêmea. Dentro, uma paleta porosa adere aos ovos, que devem ser eliminados. “Mas as operações só são eficientes se não houver pontos reais para a evolução do mosquito. Por isso, as armadilhas só são colocadas em locais com baixo índice de infestação”, pondera. Cada mosquito pode depositar até 1,5 mil ovos durante o ciclo de vida, que dura cerca de 45 dias.
A vigilância constante é uma poderosa arma contra o Aedes aegypti. Kênia Cristina aconselha cada morador a reservar um tempo para analisar a casa e o ambiente externo. “É necessário verificar se há algum depósito, como latas, cascas de ovo, vasos de plantas. Na estrutura, é bom checar se há calhas entupidas. Banheiros em desuso devem ser lacrados, assim como ralos que não são usados”, ensina. Outro detalhe, lembra, é permitir a visita dos agentes às residências.
Balanço
A diretoria de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde divulgou, na quarta-feira, o índice de infestação da dengue no DF. Algumas regiões apresentaram índices acima de 3,9%, considerados altos e com risco de surto.
10
localidades do DF tiveram o índice predial abaixo de 1%
22
alcançaram o índice de 1% a 2,4%
4
ficaram acima de 3,9: Asa Sul, Guará 1 e Guará 2, Lago Sul e Park Way
1,5 mil
Quantidade de ovos que a fêmea do mosquito pode depositar por ciclo de vida, que dura em torno de 45 dias