As intervenções podem ser percebidas do lado de fora. A fachada principal ganhou destaque com um trabalho em mosaico feito por alunos e professores. Além disso, um painel com mais de mil azulejos pintados pela comunidade escolar chama a atenção de quem passa pelo local. Entre os desenhos com temas variados, os alunos pedem principalmente paz e amor.
A reforma também contemplou o prédio principal da escola. As 15 salas de aula receberam novos quadros, murais, armários, instalações para computadores e projetores, além de terem sido equipadas com ar condicionado e forro acústico.
Segundo a secretária municipal de Educação, Claudia Costin, a reforma é importante para ajudar a superar o trauma, mas a motivação e a animação da equipe escolar é o que traz esperança de “um grande ano letivo”.
“Prédio não educa. Eu estou feliz com o novo prédio, ele tem muitos dos sonhos dessa escola, mas estou mais feliz ainda com a motivação dos professores. Eles tiveram um papel importantíssimo no ano passado para acalmar os alunos e a animação deles é o que me deixa mais feliz”, afirmou ao visitar as novas instalações, acompanhada do prefeito do Rio, Eduardo Paes.
A secretária acrescentou que apesar de alguns alunos terem mudado de escola logo após a tragédia, foram recebidas cerca de 100 novas matrículas para este ano. A unidade atende cerca de mil alunos do 4º ao 9º ano do ensino fundamental durante o dia e aproximadamente 250 no turno da noite.
Claudia Costin também informou que toda a equipe pedagógica da rede municipal de ensino passou por uma semana de capacitação antes do retorno às atividades.
A dona de casa Gildete Antunes, ex-aluna da escola e mãe de Gisele Antunes, aluna do 6º ano, disse que a escola ficou mais bonita e mais aconchegante. Para ela, no entanto, nada vai conseguir apagar a dor vivida naquele 7 de abril de 2011.
“Ficou muito bonito, deu vida ao lugar. Mas esquecer o que aconteceu, jamais. Não tem como”, lamentou. Brenda Rocha Tavares, 14 anos, que foi atingida por uma bala e perdeu a irmã gêmea, Bianca, também vítima do atirador, elogiou as mudanças na escola, mas disse que ainda é difícil superar o trauma.
“Está tudo muito bonito e colorido, mas nunca vai apagar o sofrimento que vivi”, afirmou. Já Adriana Maria da Silveira, presidente da Associação Anjos de Realengo, disse que apesar da tristeza por ter perdido a filha Luísa Paula da Silva na tragédia, alegra-se por saber que outros alunos terão melhores condições de estudo.
“Eu não pude ver a minha filha se formar, mas fico feliz por saber que por causa dos 12 (que morreram no massacre) milhões vão ter educação com mais qualidade aqui”, disse.