Na cidade com a terceira maior frota náutica do país, falta ainda sinalização para que nenhuma embarcação se aproxime das margens do lago — norma da Marinha proíbe a navegação a menos de 200 metros da borda. Há uma semana, em São Paulo, um adolescente de 13 anos atropelou e matou uma criança de 3 anos após perder o controle do aparelho na praia de Guaratuba. De 2010 até agora, 16 jet skis conduzidos por menores foram apreendidos pela Capitania dos Portos de Brasília. Na tarde da última terça-feira de carnaval, a reportagem percorreu os locais mais movimentados do Paranoá. Na QL 8/10 do Lago Sul, o reservatório acabou dividido entre banhistas e pelo menos três jet skis. Em um deles, uma criança assumiu o controle e fez manobras na água com o aval de um adulto, sentado na parte traseira do veículo, que, em alguns momentos, ficava pendurado entre o banco e a água. Empolgado, o menino fez manobras por cerca de cinco minutos e passou próximo a vários banhistas.
Os familiares do garoto confirmaram terem autorizado o menino a pilotar o veículo, mas garantiram que o adulto ao lado dele manteve a segurança do passeio. “Ele (o menino) estava na frente e o adulto atrás para monitorar. Isso não oferece risco porque eles estavam usando coletes. É a nossa própria família que está aqui. Não vamos colocar alguém em situação de risco”, contou um homem de 42 anos, que estava com o grupo. Apesar disso, crianças que estavam na água ficaram agarradas aos pais enquanto o menino passava de jet ski.
A cena não é diferente no Pontão do Lago Sul e na Barragem do Paranoá, onde, aos domingos, viram ponto de encontro de várias embarcações no Distrito Federal. No local, o Correio flagrou duas crianças a passear sozinhas em um jet ski. O condutor aparentava não ter mais do que 12 anos. Conduzia o veículo entre as embarcações e as pessoas. No Parque Ecológico Dom Bosco, onde muitos levam cachorros para nadar, eram as lanchas que se aproximavam dos banhistas e dos animais. “Passou uma aqui perto e precisei segurar o Gonzalez (um golden retriever) para ele não ir atrás”, contou a servidora pública Raquel Costa, 29 anos, moradora de São Paulo.
Sinalização
Uma queixa comum entre os frequentadores do espelho d’água é a falta de sinalização para delimitar os espaços no Paranoá. “É a primeira vez que venho aqui com a minha família e não vi boias ou redes para separar as lanchas das pessoas. Fico com medo de passar algum barco e bater em alguém, ainda mais que estou com duas crianças”, afirmou o motorista Francisco Andrade, 43 anos. O morador de Sobradinho levou, na última terça-feira, os filhos e a mulher para nadar na Prainha do Lago Norte. O local é o único com ponto fixo do Corpo de Bombeiros. “Nós orientamos as pessoas a nadarem mais próximo da margem e fiscalizamos para as embarcações não se aproximarem”, disse o sargento Wesley Lima, do Grupamento de Busca e Salvamento.
Apesar dos flagrantes registrados pela reportagem, os pilotos garantem que há fiscalização no Lago Paranoá, além de existir respeito entre banhistas e embarcações. “A Marinha e a Polícia Militar sempre estão rodando pelo lago para advertir alguém que esteja fazendo algo errado. Mas as pessoas se ajudam muito e respeitam todos que estão na água”, defendeu Edgard Rocha, 26 anos. O advogado confirma que falta sinalização para delimitar o uso. “Não há sinalização da distância que podemos ficar das pessoas. A gente mede pelo olho, mas eu não tenho costume de passar por onde tem banhista”, disse.
Potência
Com lugar para até três pessoas, os jet skis são muito utilizados para lazer e competições. Os veículos mais luxuosos custam até R$ 60 mil. Os mais potentes atingem a velocidade de 120 km/h.