Vinhedo (SP) – Dois funcionários do Hopi Hari, onde uma adolescente morreu depois de cair de um brinquedo na semana passada, disseram ontem à polícia que avisaram o parque sobre um problema mecânico na trava do assento onde a jovem estava sentada. “Aquela cadeira deveria estar lacrada, porque já tinha apresentado defeito”, afirmou Bichir Ale Júnior, advogado de Vítor Igor de Oliveira, de 24 anos, e Marcos Antônio Leal, de 18, operadores do brinquedo La Tour Eiffel. “Quinze minutos antes do acidente, eles disseram ao supervisor que a trava estava com problemas. Foi avisado e ignorado”, diz o advogado.
Procurada, a direção do Hopi Hari não quis se manifestar sobre o caso. O nome do supervisor, que ainda deverá prestar depoimento à polícia, não foi divulgado. Na segunda-feira, uma perícia feita no local não constatou problemas mecânicos no brinquedo. O delegado Álvaro Santucci Noventa Júnior chegou a dizer que, até então, os indícios apontavam para falha humana.
Ainda não está claro, no entanto, se a cadeira onde Gabriela Yuakay Nychymura, de 14, estava sentada chegou a passar por perícia. Isso porque, segundo o advogado da família da garota, Ademar Gomes, fotografias mostram Gabriela sentada em uma cadeira da extremidade do bloco que subiu – assento que não deveria ser usado por questão de segurança. O brinquedo é formado por cinco blocos com quatro cadeiras cada um. No bloco em que Gabriela estava, segundo o Hopi Hari, um dos assentos nunca foi usado, já que um visitante com braços e pernas longos poderia, eventualmente, passar perto da estrutura de metal que simula a Torre Eiffel. Por indicação do Hopi Hari, porém, a polícia periciou.
Gabriela morreu na manhã de sexta-feira, depois de cair a cerca de 25 metros do chão. Testemunhas disseram que a trava do assento dela se abriu durante a queda. A mãe da vítima, Silmara Nychymura, também depôs à polícia na tarde de ontem. O pai da menina ainda será ouvido. Eles não quiseram falar com a imprensa. Funcionários da Polícia Civil levaram as fotografias apresentadas pelo advogado da família de Gabriela ontem à tarde para o parque, onde peritos iriam comparar as imagens com o equipamento. De acordo com o advogado da família, eles pretendem entrar com ação de indenização por danos morais e materiais contra o parque.
SEM RESPOSTA
Procurado, o Hopi Hari não comentou as declarações dos operadores do brinquedo La Tour Eiffel. O parque também não respondeu se algum supervisor foi avisado sobre problemas no brinquedo. Em nota divulgada ontem, o Hopi Hari disse que “reitera veementemente a cooperação absoluta com todos os órgãos responsáveis na apuração definitiva deste caso”. Na sexta-feira, o parque disse lamentar “profundamente o ocorrido” e afirmou que presta toda a assistência à família da vítima e aos responsáveis pela investigação das causas do acidente.
Segundo a assessoria de imprensa, o brinquedo La Tour Eiffel permanecerá fechado até que as causas do acidente sejam esclarecidas. O restante do parque segue aberto desde sábado, um dia depois do acidente. A reabertura, segundo o parque, ocorreu para atender “aos visitantes que, como em todos os fins de semana, se programam para vir ao parque”. A empresa afirmou que possui profissionais habilitados e com o devido reconhecimento do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) para realização de um “extenso programa de manutenção, que faz parte de seu padrão de segurança”.