Jornal Estado de Minas

Hopi Hari ficará fechado por pelo menos dez dias para perícia em brinquedos perigosos

Interdição, que pode ser prorrogada, servirá para que todos os brinquedos sejam vistoriados. Família de jovem morta pedirá indenização de R$ 3 milhões

São Paulo – Um termo de ajustamento de conduta (TAC) assinado nessa quinta-feira entre representantes do Hopi Hari e o Ministério Público manterá o parque fechado por pelo menos 10 dias, segundo o advogado do estabelecimento, Alberto Toron, para auxiliar na investigação da morte da adolescente Gabriela Yuakay Nychymura, de 14 anos, dia 24, depois de cair do brinquedo La Tour Eiffel. O prazo pode ser prorrogado por mais 10 dias, caso as autoridades considerem necessário. “Recebo com grande alegria a notícia – do fechamento. Era intenção nossa entrar com o pedido para que o parque inteiro passasse por vistoria”, afirmou o advogado da família da garota, Ademar Gomes, que anunciou ontem a disposição dos pais de Gabriela de pedir indenização no valor de R$ 3 milhões.
Além da promotoria, devem assinar o TAC representantes do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea). Antes da medida, apenas o brinquedo do acidente estava fechado para perícia. Agora, todos poderão ser analisados. A mãe da vítima, Silmara Nychymura, afirmou que por ela o parque fecharia para sempre, mas sabe que isso não acontecerá. “Eu não falo só pela minha filha. Eu falo pela população. Hoje foi ela, amanhã pode ser qualquer pessoa”. Ela disse acreditar que, se não tivesse as fotos, as investigações poderiam não chegar aos responsáveis já que a “perícia já estava dada por terminada”. “É a minha palavra contra a deles (do parque). Se eu não tivesse a prova... Ninguém conhece o meu nome”, afirmou.

O advogado da família de Gabriela concordou que as imagens foram fundamentais para que a investigação sobre os reais responsáveis seguisse adiante. “A foto foi determinante para elucidar esse caso. Se não a tivéssemos, estaríamos hoje em uma situação em que diriam que ela – a mãe de Gabriela – estava mentindo e o parque teria a razão”, disse. Silmara afirmou ainda ter considerado uma falta de respeito o parque ter continuado aberto no dia do acidente depois da morte de sua filha. Para ela, se uma cadeira estava com problemas, todo o jogo de cadeiras deveria ter sido interditado.

DANOS MORAIS E MATERIAIS

O pedido de indenização de R$ 3 milhões, segundo Ademar Gomes, será feito contra o parque e a Prefeitura de Vinhedo. As ações, explicou ele, deverão ser encaminhadas à Justiça em cerca de 30 dias. Ao parque a família deverá pedir uma indenização de R$ 2 milhões por danos morais e materiais. Ele também afirmou que vai entrar com um processo contra a Prefeitura de Vinhedo por negligência pela suposta falta de vistoria. Ele pedirá R$ 1 milhão de indenização por danos morais à prefeitura.

Gabriela estava com a família no parque e caiu de uma altura de cerca de 25 metros quando estava no brinquedo La Tour Eiffel, conhecido como elevador. Funcionários do parque disseram quarta-feira à polícia que avisaram um supervisor sobre um problema mecânico na trava do assento. Gomes afirmou que o parque assumiu o risco de acidentes, já que manteve no estabelecimento uma cadeira inoperante há 10 anos que punha em risco a vida de pessoas. “Vamos lutar com o apoio do Ministério Público e do delegado de polícia para que os responsáveis sejam indiciados por homicídio doloso”, disse. Ele questionou ainda o motivo pelo qual a cadeira não estava lacrada ou com algum aviso de que não deveria ser usada.

Entenda o caso

Há uma semana, Gabriela, de 14 anos, que havia chegado do Japão para passar férias no Brasil, foi com os pais e a irmã mais nova se divertir no Hopi Hari, em Vinhedo (SP).

Por volta das 10h, ela e os pais entraram no La Tour Eiffel, uma espécie de elevador que despenca, a 94km/h, de uma altura equivalente a 23 andares.

Quando todos eram acomodados no brinquedo, a mãe de Gabriela notou que o assento da filha não tinha um dos ítens de segurança garantido a todos os outros usuários.

A mãe, então, teria perguntado ao funcionário que conferia os assentos se a filha estava segura no brinquedo e ele teria respondido que sim.

Minutos depois, a 25 metros do chão, Gabriela se soltou da cadeira do La Tour Eiffel, sofrendo traumatismo craniano e morrendo ali mesmo.