A ANP não recebeu o pedido, mas autuou a companhia na terça-feira devido ao novo vazamento. Segundo nota da agência reguladora, a Chevron não cumpriu medidas preventivas exigidas na ocasião do vazamento de novembro. Uma delas, que poderia ter evitado esse derramamento, é a instalação de um coletor, que evita a liberação de óleo no mar. Técnicos da ANP se mantêm no Centro de Comando de Crise da Chevron para colher dados sobre o atual desastre. A petrolífera já instalou o coletor no local.
Conforme informou a empresa, uma mancha de óleo pequena foi identificada no dia 4, mas o local de origem da vazão só foi detectado nove dias depois. A empresa acredita que o acidente atual não tem relação com o de novembro, por estar a 1,3 mil metros de distância. A única certeza é a existência da fissura, encontrada pelo robô ROV, no fundo do mar. Com equipamento de contenção instalado no local e com uma dispersão mecânica, a mancha não está mais visível, informou a Chevron.
AUTUAÇÕES
Com a penalidade desta semana, chegam a 12 as autuações impostas pela ANP à Chevron. Desse montante resultaram quatro processos administrativos que estipularão as multas devidas pela companhia à agência. Cada uma delas pode chegar a R$ 50 milhões. Sobre o pedido de cancelamento das operações no país, a ANP destacou, por meio da assessoria de imprensa, que analisará as justificativas técnicas da Chevron para dar uma resposta.
A preocupação de ambientalistas é com a veracidade das informações dadas pela Chevron. As investigações sobre o derramamento de 2011 estão concluídas, mas a ANP não divulgou o conteúdo do inquérito alegando divergências em alguns pontos com a Chevron. A empresa continua proibida de perfurar novos poços no país.
Memória
Pedido de desculpas
Em novembro, a empresa americana Chevron foi responsável por um grande vazamento de óleo no Campo do Frade. O acidente teve início em 7 de novembro, mas a petroleira só comunicou o fato ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) dois dias depois. Inicialmente estimada pela Chevron em 60 barris, a mancha atingiu uma área de 163km² e o vazamento calculado foi de 880 a 3,3 mil barris de óleo. A preocupação na época era de que o material atingisse as praias do litoral do Rio. Por conta dos danos causados à região, o Ministério Público Federal (MPF) em Macaé (RJ) instaurou três inquéritos para investigar os impactos para a pesca e o meio ambiente. Após as investigações, a Polícia Federal emitiu documento concluindo que o poço “não podia e não devia ter sido perfurado”, devido às condições de pressão locais. De acordo com o documento da PF, a empresa assumiu o risco de desastre ambiental e agiu de maneira irresponsável. O presidente da empresa norte-americana, George Buck, compareceu a uma audiência pública na Câmara dos Deputados e chegou a pedir “desculpas” aos brasileiros
e ao governo.