Para tirar qualquer dúvida de que o perfil era verdadeiro, Thor Batista fez questão de escrever uma frase em alemão. Pediu a um amigo, Gilson, que o ajudasse a autenticar seu perfil e escreveu para o pai que “a família da vítima e amigos próximos merecem esclarecimentos autênticos”. Mais cedo, Eike Batista havia usado o Twitter para defender o filho ao responder perguntas de internautas. “Ele é assim! Fez tudo que um cidadão honrado tem obrigação de fazer! Prestou socorro, depôs, assinou e fez o (teste do) bafômetro”, escreveu, ao ser elogiado por um internauta.
Thor não comentou denúncia de que nos últimos 18 meses ele acumulou 51 pontos na carteira nacional de habilitação (CNH), mas continuava a dirigir. Os dados constam do extrato do sistema de consultas de multas do Detran do Rio de Janeiro. Ele ainda pode recorrer de duas multas, que somam 11 pontos. O jovem tirou a primeira CNH em dezembro de 2009, quando então, entrou em período probatório — não poderia cometer qualquer infração durante 12 meses. No entanto, entre setembro e dezembro de 2010, cometeu cinco infrações por excesso de velocidade, num total de 21 pontos. Pela lei, ele deveria perder o direito de dirigir, mas conseguiu tirar a carteira definitiva, pois, no fim do primeiro ano de habilitação, as cinco multas ainda não haviam entrado no sistema do Detran.
O advogado Cleber Carvalho Rumbelsperger, da família de Wanderson Pereira dos Santos, contesta a versão de que o ciclista teria cruzado a via. Ele disse que vai pedir indenização por danos morais e financeiros a Thor. “É preciso que haja uma compensação por danos morais e pela perda de renda da família. O coração dele foi parar dentro do carro. Por isso, eu sei que ele foi pego de frente. Se ele tivesse atravessando a rodovia, como estão falando, teria sido pego de surpresa”, disse uma tia da vítima, Maria Pereira. Rumbelsperger diz que moradores locais afirmam que Thor tentou cortar um ônibus quando perdeu o controle do veículo e atingiu Silva no acostamento. Uma ambulância da Concer, companhia que administra a via, foi acionada pelo jovem, mas a vítima não resistiu aos ferimentos.
Em contato com a família, um representante de Eike Batista disse que iria arcar com todas as despesas do enterro. O empresário teria pago R$ 8 mil pelo sepultamento e reconstituições na face e no corpo de Wanderson – com o impacto, ele teve uma das pernas e um dos braços amputados. O ciclista foi enterrado domingo, no Cemitério de Xerém. Thor deve ser indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar) por atropelamento.
Veloz e para poucos
A Mercedes SLR McLaren de Eike Batista, dirigida pelo filho Thor na noite do atropelamento, é considerado um dos nove carros mais velozes do mundo, indo de 0 a 110 km/h em 3,5 segundos. A velocidade máxima alcançada pelo automóvel chega a 334 km/h. Há quem diga que o carro só foi feito sob encomenda e que seu custo, mesmo o exemplar de Eike, fabricado em 2006, seria de aproximadamente R$ 2,3 milhões, e o IPVA em torno de R$ 92 mil.
Versão na internet
Trafeguei por ali cerca de 6 vezes dentro de 1 ano, estava consciente que frequentemente ciclistas atravessam a faixa dupla da auto-estrada.
Vinha na faixa esquerda com muito cuidado, sem ao menos dialogar com o meu carona, repentinamente um ciclista atravessou do acostamento do lado direito até o meio da faixa da esquerda, onde trafegam veículos.
A frenagem trouxe o carro de 100 km/h até 90 km/h até o momento da colisão apenas, infelizmente. Eu conduzo carros com transmissão automática com um pé no acelerador e outro no freio, o que possibilita uma reação muito mais rápida.
O forte impacto quebrou o para-brisa, provocando cortes no meu corpo e impossibilitando a minha visão. Abri, então, a porta do motorista, botei a cabeça para fora do carro e conduzi o veículo até um local seguro, evitando outra colisão.
Estava com dores no corpo, com muito sangue no corpo, tremendo de nervosismo, traumatizado. Nunca tinha sofrido um acidente.