Além de unidades hospitalares federais, as empresas envolvidas no escândalo prestaram serviço para os ministérios da Defesa, da Educação, da Justiça, de Minas e Energia, do Planejamento, além das agências nacionais do Petróleo (Ancine) e do Cinema (Ancine).
No Rio, as secretarias de Saúde e Administração Penitenciárias são as que mais contrataram as empresas acusadas. Até o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) pagou R$ 11,8 milhões no ano passado por serviços da Locanty.
As irregularidades nos processos de compras do Instituto de Pediatria da UFRJ foram identificadas há pelo menos seis meses, segundo o diretor da unidade, o infectologista Edmilson Migowski. Após constatar um desvio de cerca de R$ 150 mil, inclusive com falsificação de assinaturas de funcionários, ele encaminhou uma denúncia à PF.
"Nunca tive retorno da PF sobre as queixas que encaminhamos", disse Migowski. "As imagens exibidas na reportagem revoltam qualquer cidadão. Desvios de recursos da saúde e da educação deveriam ter pena mais longa. A sociedade precisa discutir isso. Quem rouba dinheiro da saúde está matando as pessoas que precisam de atendimento nas unidades públicas", afirmou o infectologista, que está no comando do instituto há um ano.
Os processos de licitação serviam para a contratação de serviços de limpeza, alimentação, transporte e aluguel de ambulâncias. Os representantes propunham comissões entre 10% e 20% ao repórter infiltrado como gestor de compras da unidade. Eles também explicavam como combinariam preços com concorrentes para ganhar a licitação.
Por nota, Locanty informou que afastou os dois funcionários flagrados na reportagem. A assessoria de imprensa da Toesa não retornou as ligações. Não foram encontrados representantes da Rufolo e da Bella Vista para comentar o caso.