Jornal Estado de Minas

Viúva de Chico Anysio vai criar instituto para homenagear o artista

Após cerimônia em cemitério, Malga di Paula informou que projeto vai apoiar pesquisas com células-tronco para a cura do enfisema pulmonar

Rio de Janeiro – A cremação do corpo do humorista Chico Anysio, que morreu na última sexta-feira, foi feita nesse domingo, no Memorial do Carmo, no Caju, Zona Portuária do Rio. Parentes e amigos mais próximos do artista se reuniram no cemitério. A mulher do comediante, Malga di Paula, apareceu acompanhada da mãe e da irmã. O frade Jhonathan Gerber, do Convento de Santo Antônio, foi chamado para conduzir a cerimônia. O religioso acompanhou Chico nos últimos anos. “Surpreendentemente, estou mais forte do que pensava. Acho que a força veio do Chico”, afirmou Malga, antes de deixar o local: “Durante a cerimônia, houve a manifestação de várias crenças, mas a oficial foi conduzida pelo frade. Chico dizia que era um franciscano. As cortinas de veludo foram fechadas para ele”.
Malga também contou que pretende abrir o Instituto Chico Anysio para apoiar as pesquisas em torno do tratamento de doenças broncopulmonares. “O projeto vai apoiar as pesquisas de um cientista de São Paulo, chamado João Tadeu Paes, que está perto de encontrar uma cura para o enfisema pulmonar pelo uso de células-tronco”, explicou ela. Segundo Malga, agora ela aguarda a liberação da Justiça para poder espalhar as cinzas do marido no Projac, no Rio, e em Maranguape, no Ceará: “A Globo era a casa de Chico”, disse ela, que ainda comentou a ideia do prefeito Eduardo Paes de batizar como Curva do Chico um trecho que liga a Barra da Tijuca aos estúdios da Globo: “É porque esta curva não acaba nunca.”

A ex-ministra Zélia Cardoso de Mello, com quem o comediante foi casado, acompanhou os filhos, Rodrigo e Vitória. “Nossos filhos ainda são pequenos e precisariam muito do pai. Mas a gente não tem domínio sobre isso”, lamentou Zélia. “O pai deixou um bom legado de trabalho e caráter. Seja o que for que eles façam na vida, que sigam o exemplo dele.”

Muito emocionado, o ator Bruno Mazzeo falou pela primeira vez sobre a perda do pai: “O que eu tenho é agradecimento ao povo brasileiro pelo carinho. Ver as pessoas ontem (sábado) na frente do teatro foi o que me deixou feliz. Meu pai foi uma pessoa que se dedicou por 65 anos a alegrar o povo”. A atriz Heloísa Périssé e a diretora Cininha de Paula foram dar o último adeus a Chico. Mais uma vez, seu filho Nizo Neto agradeceu aos fãs do pai: “Obrigado às pessoas que se prestaram a esperar horas e horas para passar um segundo ao lado dele”.

CRÍTICO DOS COSTUMES O cineasta Luiz Carlos Barreto também compareceu ao local. “Mais do que humorista, Chico foi um crítico dos costumes. Não podemos confundi-lo com piada. Ele tinha espírito crítico. Sempre convivi com ele, somos uma família cearense. Veio para o Rio e se transformou nessa grande personalidade nacional. O humor dele serviu para dar um senso crítico à realidade brasileira”, afirmou.

Maior humorista da TV brasileira, Chico morreu aos 80 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos. Ele estava internado no Hospital Samaritano, em Botafogo, e, há três meses, tentava vencer uma série de complicações decorrentes de problemas pulmonares. No sábado, seu corpo foi velado no Theatro Municipal, no Centro do Rio. A cerimônia reuniu a família, amigos e fãs do artista. Cerca de 4,5 mil pessoas foram prestar a última homenagem a Chico no teatro.