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Estado de Minas

Polícia apura se engenheira faleceu de AVC ou de espancamento

O caso foi parar na polícia porque os familiares de Alzira perceberam lesões no corpo da mulher


postado em 12/04/2012 15:49

Uma morte cercada de dúvidas e mistério. A Polícia Civil está investigando as causas do falecimento da engenheira civil Alzira Cortez de Souza, 58 anos. A engenheira, que trabalhava com aplicação de estruturas metálicas em grandes construções e era muito conhecida no meio profissional, morreu na noite da segunda-feira passada, após passar dois dias internada no Hospital da Restauração (HR). Ela deu entrada na unidade de saúde como vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Mas a família suspeita que ela tenha sofrido um espancamento, o que teria causado sua morte. O corpo dela foi enterrado ontem à tarde, no Cemitério Parque das Flores, em Tejipió. Segundo o delegado Darlson Macedo, titular da seccional de Jaboatão, a morte será investigada pela equipe de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), de Piedade.

O caso foi parar na polícia porque os familiares de Alzira quando foram registrar a ocorrência no HR informaram que suspeitavam de um espancamento. Os parentes da engenheira procuraram a Delegacia da Boa Vista e registraram um Boletim de Ocorrência (BO) afirmando que o corpo dela apresentava várias lesões. A partir daí, o cadáver foi encaminhado para o Instituto de Medicina Legal (IML), onde foi submetido a um laudo tanatoscópico, onde o resultado apontou para hemorragia interna do crânio por trauma fechado. “Como o laudo do IML afirmou que as características das lesões da vítima são compatíveis para as causas jurídicas de homicídio e acidente, resolvemos encaminhar todo o material para a Delegacia Seccional de Jaboatão para que as dúvidas fossem esclarecidas”, afirmou o delegado da Boa Vista, João Dantas Filho.

A mais velha de seis irmãos, Alzira é mãe de dois filhos e ficou viúva há aproximadamente um ano. Há cerca de quatro anos, estava morando no bairro de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes. Poucos meses após a morte do marido, a engenheira passou a morar com um homem que seria técnico em informática.

Sinais visíveis de violência


Um dos pontos cruciais para a investigação sobre a morte da engenheira Alzira Cortez de Souza será descobrir de onde ela caiu e de que forma aconteceu a queda que foi relatada quando a engenheira chegou ao Hospital da Restauração (HR), levada pelo companheiro. O laudo tanatoscópico assinado pelo médico-legista Ricardo César de Carvalho atesta que a morte aconteceu por hemorragia interna do crânio por trauma fechado. O histórico do documento afirma que Alzira foi “vítima de queda da própria altura e deu entrada na unidade de saúde inconsciente, evoluindo para morte encefálica dois dias depois.” O laudo ressalta ainda que a família suspeita de espancamento. Vizinhos da engenheira que conversaram com o Diario afirmaram que ela costumava aparecer na rua com vários hematomas pelo corpo.

“Alzira tinha se afastado um pouco da gente depois que passou a morar com esse homem que vivia com ela. Mas, nas poucas vezes que nós a vimos, sempre estava com marcas no corpo”, contou uma vizinha. “Minha irmã era muito inteligente e acabou morrendo de uma forma muito misteriosa. Ela foi levada para o hospital como vítima de um AVC. Mas, ao mesmo tempo, o corpo dela estava cheio de ferimentos. Não podemos acusar ninguém. O que a família quer agora é que a polícia descubra se a sua morte foi natural ou se ela foi espancada”, ponderou o irmão da vítima, Amaro Cortez de Souza, 50.

O companheiro de Alzira não foi localizado em casa nem atendeu aos telefonemas para falar sobre o caso. Também não compareceu ao sepultamento. Segundo o BO registrado pela família da vítima da Delegacia da Boa Vista, foi ele quem socorreu a engenheira, com a ajuda do Samu, no final da manhã do sábado.

O laudo


De acordo com o laudo tanaroscópico, o corpo da vítima apresentava extenso hematoma (12 cm) no lado esquerdo do crânio e hematoma semelhante na temporal direita, contralateral às duas lesões frontais de 4 cm, cada. Também no laudo, o médico afirma que as características das lesões do corpo da vítima sugerem como causa jurídica homicídio e acidente.

No laudo do IML, o médico apontou ainda a presença de escoriações nos joelhos, na perna direita, no ombro e cotovelo esquerdos. “O conjunto de lesões todavia (externas e internas), apesar de não caracterizar “espancamento”, é compatível com caráter acidental ou intencionalmente infligido. E, em ambas as hipóteses, em plano inclinado ou escada”, relata o documento. O texto segue afirmando que “o mesmo evento na primeira hipótese pode ter sido precedido de Acidente Vascular Cerebral, mascarado pela magnitude da hemorragia interna observada no crânio, indubitavelmente de caráter traumático.”

Um legista ouvido pelo Diario afirmou que o laudo é claro em dizer que pode ter havido morte provocada ou acidente. O que falta esclarecer é de onde a vítima, que tinha 1,65 cm, teria caído para ficar com tantas lesões. Ainda no laudo, está descrito que “todas as lesões (externas e internas) são cronologicamente compatíveis com o mesmo evento, não havendo escoriações, hematomas ou equímoses de idades diversas”.


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