Ele lembrou que a mudança para um mundo sustentável exige não só o desenvolvimento tecnológico, obtido por meio das invenções, mas alterações comportamentais e da forma de fazer as coisas. “Aí entra toda a discussão da inovação”. A questão deve se basear nos pilares econômico, social e ambiental. ”Essa é a mensagem fundamental nessa discussão, e deve ser continuada”, recomendou.
Román destacou que a questão foi levantada há 20 anos, durante a Conferência da ONU para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio92), e que agora é preciso incluir os aspectos social, “tão importante no Brasil”, e econômico, “porque o mundo está em crise”.
O conselheiro sugeriu também que, como a implementação das metas políticas traçadas na Rio92 não deu certo, deve ser colocada no debate uma questão complementar, referente à atuação das pessoas e aos incentivos necessários para uma ação voltada ao desenvolvimento sustentável. Segundo ele, o debate sobre inovação é essencial para isso.
A Semana da Inovação Brasil-Suécia inclui três eventos simultâneos. O primeiro é a conferência Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, que reunirá no Planetário da Gávea, na zona sul do Rio, especialistas e autoridades dos dois países para debater modelos de inovação e como eles podem ser implantados para garantir às populações um futuro melhor.
Também no dia 28 será aberta no Centro Cultural Banco do Brasil, no centro da cidade, a exposição Suécia Inovadora, que já esteve nos Estados Unidos e no Canadá. A mostra,organizada pelo Instituto Sueco, ficará aberta ao público de 29 de maio a 8 de julho, seguindo depois para a China. A exposição apresenta problemas e soluções inovadoras nas áreas de tecnologia limpa, tecnologias da informação e da comunicação, além de ciências da vida. O foco é o desenvolvimento sustentável.
O terceiro evento é a competição Innovation Race (Corrida de Inovação), na qual dois times de estudantes brasileiros de nível superior – mestrandos e doutorandos – terão 72 horas para desenvolver processos, produtos e serviços. “Durante 72 horas, eles vão gerar o máximo possível de inovações que possam ser patenteadas. Ou seja, não basta fazer uma tecnologia interessante. É preciso ter um plano de comercialização, uma ideia de proteger isso como propriedade intelectual".
Uma banca de especialistas selecionará os melhores projetos, que serão anunciados no dia 1º de junho. O objetivo “é mostrar que inovação é muito mais do que tecnologia. É um time de pessoas com várias formações e capacidade colaborativa. A colaboração é essencial”, disse Román.
Líder mundial em inovação, a Suécia teve a capital, Estocolmo, eleita pela União Europeia como a primeira capital verde do continente. Para chegar a esse estágio, Mikael Román disse que a Suécia contou com elementos favoráveis, que são a inovação, a cooperação e a abertura às mudanças internacionais. O país teve que modificar o foco da produção, voltada até a 1ª Guerra Mundial para as grandes empresas, e passou a investir nas pequenas e médias, com integração entre os setores acadêmico e empresarial. A construção de clusters (arranjos produtivos) e parques de ciências foi buscada como solução de mercado pelo governo sueco. O esforço integrado contou com financiamento público e privado para um objetivo comum, explicou.
O conselheiro lembrou ainda que o Brasil e a Suécia têm interesses comuns em várias áreas, como celulose, bioenergia, recursos florestais e recursos hídricos. A Suécia está mais avançada nas áreas de telecomunicações, informática, indústria farmacêutica e aviação. Román observou que o Brasil é um mercado atrativo para os suecos, que têm cerca de 200 empresas no país. As relações bilaterais começaram no século 19. “Já há uma ligação estabelecida”.