Jornal Estado de Minas

Parentes da viúva do diretor da Yoki estão perplexos com o cirme

Familiares custam a crer que ela tenha cometido crime tão bárbaro

Paula Filizola
Elize Araújo Matsunaga cumpre prisão preventiva desde segunda-feira - Foto: Nilton Fukuda/AEBrasília – Ainda em choque e sem acreditar na confissão de assassinato feita por Elize Araújo Matsunaga, 38, a família da jovem – que vive na cidade de Chopinzinho, de 19 mil habitantes, no interior do Paraná – tem preferido ficar reclusa. A mãe da jovem, Dilta Araújo, 56 anos, está em tratamento contra um câncer há cinco anos e ficou sabendo do assassinato pela imprensa. Com a repercussão do caso, ela saiu da cidade neste fim de semana para descansar um pouco. A família tem tentado preservar a matriarca, que ainda não falou com a filha ao telefone. Segundo o advogado da família, Auro Almeida Garcia, Dilta não “sabe da missa a metade”. O pai da jovem faleceu há mais de três anos.
A rotina da pequena cidade paranaense mudou desde quarta-feira, 6 de junho, quando a viúva do executivo e herdeiro da Yoki Alimentos, Marcos Kitano Matsunaga, 42, assumiu a autoria do crime e afirmou ter atirado no marido e o esquartejado. “Como em qualquer outro lugar, em vista da repercussão do fato, as pessoas estão muito curiosas. O caso mexeu com a comunidade, que é bastante conservadora”, contou Auro. O advogado disse que as pessoas o abordam para perguntar sobre o processo, o estado da família e a guarda da filha de 1 ano do casal – que está no apartamento onde ocorreu o crime em São Paulo, com a tia de Elize, Rose. “Todos a conheciam. Elize nasceu e foi criada aqui. Sempre teve muitos amigos e era uma excelente aluna. A família é muito benquista, por isso, todos querem saber”, justificou.

De acordo com algumas funcionárias do supermercado Cenci, onde Naina – irmã de Elize – trabalhava, todos estão apavorados. “Ninguém acredita. O comentário é geral. Sabe como é cidade pequena”, confidenciou uma moça do local. A mesma pessoa conta que, após a confissão do crime e a prisão de Elize, a irmã dela pediu para tirar uns dias de férias para cuidar da mãe. “A gente não tem comentado nada por respeito a Naina, que é colega de trabalho. O que Elize fez lá não tem nada a ver com a família dela. Eles são pessoas humildes e honestas”, defendeu outra funcionária do supermercado.

Passado à tona

O passado de Elize, antes do casamento com Matsunaga, também pegou a família de surpresa. Segundo Auro, eles ficaram sabendo que a jovem era garota de programa em São Paulo por notícias veiculadas na imprensa. “Esse fato nunca foi comentado. Não sabíamos também que Marcos era um rapaz da noite. A família dela foi ao casamento na época e ele sempre vinha para cá com a Elize e ficava na casa deles”, relembrou o paranaense.

Segundo o advogado de defesa, Luciano de Freitas Santoro, depois que Elize acusou o marido de traição, ele ameaçou contar na Justiça que a mulher tinha sido prostituta para ganhar a guarda da filha. “’Eu conheço teu passado, eu vou levar teu passado para a Vara da Família.’ Era o caso de ela ter sido garota de programa. Ele usou outras palavras e aquilo foi difícil no momento. Nesse momento, foi desferido o tiro e ceifou a vida do Marcos”, relatou.