A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça está analisa 32 pedidos de anistia por perseguição política em Florianópolis (SC). A sessão, que começou nesta sexta-feira, às 10h, ainda não terminou. Até o momento, foram concedidas 12 anistias. De acordo com o presidente da comissão, Paulo Abrão, os julgamentos são longos porque privilegia a escuta pública das vítimas.
“Permitimos que [as vítimas] usufruam do microfone. É um trabalho comunitário que os conselheiros fazem”, disse Abrão à Agência Brasil. Ele também é secretário nacional de Justiça. Esta é a 59ª Caravana da Anistia e a segunda que ocorre na capital catarinense.
Entre os 32 pedidos está o dos jornalistas Jurandir Pires de Camargo e Sérgio Antônio Rubim do jornal O Estado de Santa Catarina. Eles denunciaram ter sofrido censura e demitidos em uma cobertura da manifestação conhecida como Novembrada contra o presidente João Figueiredo (1979-1985). A manifestação foi reprimida pelas forças de segurança e dezenas de pessoas foram presas.
Também está sendo analisado o pedido de Lanny Olinger, que alega ter sido perseguida e violentada, quando tinha 16 anos, na época da prisão do seu pai por agentes da repressão. Outra vítima do regime militar, Altamiro da Luz Andrade Neto, diz ter sido prejudicado profissionalmente por ter sido considerado moralmente incapaz durante o alistamento militar e que tem isso documentado em seu certificado de isenção do serviço militar.
Segundo Paulo Abrão, o Brasil está vivendo um processo de construção da verdade de histórias que até então estavam escondidas. “Muitas vítimas da repressão, que estavam caladas no passado, se encorajaram para fazer suas vozes ouvidas novamente. Na caravana é quando temos a oportunidade de reconhecer a responsabilidade do Estado nos crimes cometidos. Estamos resgatando a confiança dessas pessoas”, disse.
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