No mês de julho, os brasileiros poderão acompanhar um belo espetáculo preparado pela natureza. Vindas da Antártida, cerca de 10 mil baleias jubarte devem percorrer aproximadamente 4.500km até o Brasil, quando oficialmente terá início a temporada reprodutiva da espécie nos litorais da Bahia e do Espírito Santo. Os estados concentram mais de 90% das baleias jubarte que chegam ao país para se reproduzir e amamentar as crias. Apesar de avistadas com frequência no Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, Abrolhos é o maior berçário de todo o Atlântico Sul Ocidental. Ao retornarem para a área de alimentação na Antártida, em novembro, parte delas já irá acompanhada do filhote.
Segundo o Instituto Baleia Jubarte (IBJ), a quantidade de animais que migra para o Brasil é três vezes maior do que há dez anos, quando apenas 3.000 delas vinham se reproduzir aqui. O coordenador de Educação Ambiental do instituto, Sérgio Cipolotti, disse que a recuperação da espécie ocorre lentamente, mas ressaltou que o resultado é positivo. “Ainda estamos longe de afirmar que esses animais não correm risco de extinção, devido a ameaças eminentes, como a pesca indiscriminada, poluição dos mares, colisão com embarcações, perturbações sonoras, possível retorno da caça comercial e principalmente o aquecimento global”, alertou.
Durante o período de reprodução, os pesquisadores realizam o trabalho de fotoidentificação. No processo, as espécies são identificadas por meio da pigmentação da nadadeira caudal, que é a impressão digital única de cada uma das baleias. Cerca de quatro mil já foram localizadas por meio da comparação de imagens e análise de material genético, que constam no banco de imagens da instituição. “A importância desta linha de pesquisa é poder classificar individualmente cada animal e assim obter a estimativa populacional da espécie em sua área de reprodução, o Brasil, as rotas migratórias, o deslocamento na área de reprodução e área de alimentação, entre outros”.
Unidade de conservação
Nesta temporada reprodutiva, o IBJ lança a campanha “Levante a mão por Abrolhos”. A ação é feita para pedir pela criação das Unidades de Conservação de Abrolhos. O instituto considera que a conservação da região é necessária para garantir um estudo amplo sobre as diferentes espécies e a preservação delas. “A população de baleias jubarte está se recuperando e reocupando suas antigas áreas de reprodução. Precisamos iniciar o debate sobre o tema, de forma participativa, com todos os setores envolvidos”.
Atração turística
Além de chamarem a atenção dos especialistas, as baleias jubarte também se tornam principal atração turística. O show natural é garantido: as grandalhonas se exibem, pulam, jorram água, simulam danças e mergulham durante o ritual de acasalamento. Empresas de turismo oferecem cruzeiros de observação em Abrolhos, Praia do Forte, Morro de São Paulo, Itacaré, Cumuruxatiba, entre outros. Apesar das opções, Abrolhos é a preferida dos turistas, já que de lá é possível avistar um número maior de jubartes, além da beleza característica do local.
Encalhe
Com a vinda das jubartes para o Brasil aumentam as probabilidades de encalhes tanto da espécie quanto de outras no litoral do Brasil. Caso a população encontre uma baleia jubarte encalhada, viva ou morta, deve ligar para a equipe de Resgate do Projeto Baleia Jubarte nos telefones (71) 8154-2131 e (73) 8802-1874.
Gigante do mar
A baleia jubarte pode chegar a 16 metros e pesar 40 toneladas. Tem com principal característica uma nadadeira dorsal, que pode chegar a um terço do tamanho do corpo dela. Ela é muito ativa em sua área de reprodução, exibindo diferentes comportamentos, que acabam virando atração para especialistas e turistas. O animal percorre mais de 5 mil quilômetros, entre a área de alimentação (Antártica) e a área de reprodução (Brasil). O filhote já nasce pesando mais de uma tonelada e medindo quatro metros.