Entre os alimentos distribuídos, estavam abóbora, repolho, mandioca e laranja, todos produzidos pelo assentamento Contestado, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), localizado na Lapa, região metropolitana de Curitiba. Uma parte da comida foi subsidiada pelos grevistas e outra doada pelo assentamento.
"Queremos mostrar à população a importância do trabalho do Incra para a agricultura familiar, responsável por 70% da comida consumida pelos brasileiros", afirmou à Agência Brasil o servidor João Wagner Gomes da Silva, dirigente da Associação dos Servidores do Incra no Paraná (Assincra-PR).
Segundo a associação, a greve já atinge 27 das 30 superintendências do Incra espalhadas pelo país. Apenas as unidades de Santa Catarina, Alagoas e Roraima não teriam aderido à paralisação. No Paraná, a adesão ao movimento é de 60% dos servidores, segundo a Assincra-PR.
"O apoio do Incra tem sido fundamental nesses treze anos do nosso assentamento, concordamos que os servidores precisam ser melhor remunerados", avalia Paulo César Rodrigues Brizola, integrante da coordenação do assentamento Contestado, que se dedica ao cultivo orgânico. "Somos 108 famílias e a nossa produção é totalmente realizada sem agrotóxicos."
No próximo dia 16, a categoria irá promover um acampamento em frente ao edifício do Ministério do Planejamento, em Brasília. "Vamos exigir que o governo federal abra as negociações", disse o diretor da Assincra-PR.
Os servidores do Incra e do MDA reivindicam reposição salarial de 22%, equiparação de vencimentos com o Ministério da Agricultura, novas contratações por concurso público, reestruturação das carreiras e melhoria das condições de trabalho. O Incra tem hoje 5,7 mil servidores em todo o país. Em 1985, esse total chegava a 9 mil. Já o MDA, criado em 1999, reúne cerca de 150 servidores em seu quadro de pessoal.
Entre os serviços do Incra paralisados pela greve, estão a certificação de imóveis rurais, o acesso a crédito, a atualização cadastral de propriedades e os pedidos de aposentadoria de trabalhadores rurais. Segundo a Assincra-PR, apenas com relação às aposentadorias, são 5 mil processos parados no Paraná. A população é afetada também pela falta de certificação dos imóveis. "Sem isso, os proprietários não podem vender a área nem obter crédito", explica Silva.