Sexta-feira 13 é, para muitos, o dia do azar. Neste “ano do fim do mundo”, a data ocorre pela terceira vez. Há quem acredite que os males e demônios estão soltos para confundir as pessoas e fazê-las mal. Na corrida pelo bem, valem as mais diversas crendices populares para se proteger. Figas, banhos de ervas e sal grosso são os mais comuns. Tem gente até que não confia nos amuletos e prefere nem sair de casa.
As vendas nas barracas de ervas medicinais dos arredores do Mercado de São José, em Recife, crescem cerca de 20% nesse período. Manuela Nascimento, 35 anos, é dona de um ponto com artigos religiosos no mercado e confessa que não sai de casa depois das 18h na sexta-feira 13. “Também ando com um patuá na bolsa para me proteger do mau olhado, da inveja e dos maus fluidos. Dizem que todos os trabalhos de magia negra que são feitos nesse dia funcionam”. Ela também conta que já lhe aconteceu uma fatalidade em uma sexta-feira 13. “Eu estava indo para a praia com meu marido quando ele se descontrolou e atropelou um cachorro, derrubou o muro de uma casa e acabou matando um filhotinho que estava em baixo do muro”, relembra.
Mas há também quem não acredite. Maria da Conceição Tavares, mais conhecida como Dona Ceça, 54 anos, trabalha “desde que nasceu” vendendo ervas. Jura que não acredita nas crendices, mas tem na ponta da língua uma “causa” que lhe aconteceu. “Eu tinha um pé de arruda lindo na minha casa. Numa sexta-feira dessas, uma mulher foi lá e olhou para a árvore. A noite, a árvore estava morta. Foi o olho gordo”, contou. Dona Ceça também ensina as mais diversas receitas para o “mal”. “É só colocar, em um copo virgem com água, sete pedras de sal grosso e um olho de boi”, ensinou.
Os costumes são repetidos por seguidores das mais diversificadas religiões. No dia do azar, o mais popular é o banho de sete ervas com arruda, pinhão roxo, tipi, sal de pedra, liamba, carrasco e atikum. “Tira tudo o que não presta e ainda evita energias negativas”, diz a vendedora. Também tem o banho de rosas brancas, que garante proteção espiritual e o de canciã, para descarrego. Além disso, não pode faltar o milenar banho de sal grosso, para tirar o mau olhado. Para quem gosta de andar com amuletos dentro da bolsa ou da carteira, vale a figa de arruda, o olho de boi, o alho macho e o patuá. Os umbandistas, também colocam velas pretas em uma encruzilhada, para se proteger das pombajiras e dos exus. Além de oferendas de frutas para Oxun e arroz com ovos para Oxalá.
A coordenadora do Núcleo de Estudos Folclóricos Mario Souto Maior, da Fundação Joaquim Nabuco, Rúbia Lóssio, explica que superstições têm raízes fortes. “Dentre os povos do planeta, o número 13 significa sorte ou azar. Aqui no Brasil, por termos costumes advindos da Igreja Católica e pensamos nele como fonte de má sorte. Reza a lenda de que o 13º apóstolo a sentar na mesa foi Judas. Já a sexta-feira está associada provavelmente a cultos misteriosos medievais”, falou. “As crenças surgem da observação do povo, que busca driblar a única certeza da vida: a morte”, falou. Ainda segundo ela, as crendices têm propagação muito forte e tem o poder de serem passadas através das gerações.
Para fazer o banho:
- Arruda
- Pinhão roxo
- Tipi
- Sal de pedra
- Liamba
- Carrasco
- Atikum
Amuletos:
- Figa de arruda
- Olho de boi
- Alho macho
- Patuá
Outra alternativas:
Colocar velas pretas em uma encruzilhada para se proteger da pombajiras e do exu. Fazer oferendas de frutas para Oxun e arroz com ovos para Oxalá
Veja o que as pessoas usam para se proteger