A Associação dos Servidores do Ibama no Pará (AsIbama-PA) destacou, em nota, que “o aumento significativo nos desmates está relacionado à falta de fiscalização”. Há quase dois meses, os fiscais e outros funcionários do órgão estão em greve, mantendo apenas atividades internas e operação- padrão em portos e aeroportos.
De acordo com os servidores, os fiscais não estão indo a campo impedir a devastação das florestas no estado. “Das quatro operações planejadas pelo Ibama para ocorrer em julho, nenhuma foi executada, pela adesão ao estado de greve. Com isso, os desmatamentos indicados pelo Deter deixaram de ser constatados, multados e embargados”, destacou a nota.
Pelas contas da associação, em menos de 30 dias, foi registrado crescimento de 245% no índice de desflorestamento. Enquanto a taxa registrada pelos servidores, em junho, era de 37,95 quilômetros quadrados de devastação, no mês seguinte o índice chegou a 92,98 quilômetros quadrados.
"O desmatamento tem o efeito bola de neve. Se um vizinho desmata, ganha dinheiro, compra carro, coloca gado no pasto e nada acontece contra ele, outros vão deixar a floresta em pé para quê? Ele vai desmatar também", afirmou, em nota, , a analista ambiental Cecília Cordeiro, presidente da associação de servidores no estado.
Apesar do alerta, o Ibama garante que as atividades de fiscalização e controle do desmatamento na Amazônia paraense continuam. Segundo informações do órgão ambiental, as operações de fiscalização estão sendo feitas em regiões problemáticas do estado do Pará, em municípios como Novo Progresso, Altamira e São Félix do Xingu.
“Nos últimos dias foram detectadas extrações ilegais de madeira e polígonos de desmatamento, sendo que os responsáveis foram identificados e responsabilizados”, acrescentou a assessoria do órgão ambiental.
O Ibama ainda explicou que, na região de Novo Progresso, onde agentes de fiscalização sofreram emboscada em área de extração ilegal de madeira, a operação é feita com o apoio da Força Nacional de Segurança Pública.
“Devido à evolução na detecção de desmatamento e a verificação de que algumas áreas embargadas estão sendo utilizadas para a criação de gado, já se estudam medidas para a retomada de apreensão e doação de bovinos criados ilegalmente nestas áreas”, concluiu a nota, informando, ainda que as operações de comando e controle serão intensificadas pelo Ibama.