Beneficiado pelo indulto de Natal assinado pela presidente Dilma Rousseff em dezembro, Florisvaldo de Oliveira, o Cabo Bruno, de 53 anos, ganhou direito à liberdade após 27 anos atrás das grades. Acusado de ser um dos principais justiceiros de São Paulo nos 1980, o ex-policial militar condenado a 117 anos de prisão recebia dinheiro de comerciantes para matar na zona sul da cidade. Na tarde de quarta-feira, a Justiça de Taubaté mandou soltá-lo. Às 15h desta quarta-feira, ele saiu escondido em um carro.
O indulto da presidente, tradição brasileira desde a época do Império, concedeu o perdão aos presos que cumpriram 20 anos ininterruptos da pena e nos últimos 12 meses não cometeram faltas graves.
Na semana passada, o promotor responsável pelo caso, Paulo José de Palma, emitiu parecer favorável à liberdade de Oliveira, confirmada agora pela Justiça. Em 2009, a defesa do ex-PM havia pedido a progressão de pena, que mudou o regime de fechado para semiaberto. No último Dia dos Pais, ele saiu pela primeira vez da Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, em Tremembé, conhecida como P2. E chegou em casa sem avisar a família. Antes, caminhou 30 quilômetros durante mais de duas horas e comprou um buquês de flores para a mulher, Dayse da Silva Oliveira, cantora radialista e pastora evangélica de 45 anos, com quem ele se casou dentro do presídio, em 2008.
Depois de 21 anos sem sair da prisão, tomou 1,5 quilo de sorvete. Na primeira noite em liberdade, foi com a mulher e os amigos orar em um monte. “Não sabemos ainda o que faremos no futuro. Somos evangélicos e, por isso, preferimos esperar para ver a obra que Deus fará na nossa vida”, diz Dayse.