Jornal Estado de Minas

Favela da Rocinha no Rio de Janeiro é pacificada

Rio – A Rocinha recebe hoje a 28ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Com 70 mil moradores, a maior do Rio, a favela da Zona Sul contará com efetivo de 700 policiais militares e 12 motocicletas, que patrulharão as 25 subcomunidades na área de 840 mil mestros quadrados.
A UPP terá sede administrativa, atualmente em construção no Parque Ecológico da Rocinha, e oito bases avançadas em pontos estratégicos da comunidade.

Com geografia íngreme e vielas estreitas, a favela receberá a maior frota de motos entre as UPPs na intensificação do patrulhamento.

A inauguração ocorre uma semana depois da morte do soldado Diego Bruno Henriques, de 25 anos, com um tiro de pistola na cabeça quando fazia uma ronda com outros três policiais na parte alta da favela, no dia 13. O policiamento foi reforçado após o ataque e um suspeito foi detido.

Durante toda a semana a polícia ocupou a Rocinha em busca dos assassinos. Vários suspeitos foram presos, incluindo um adolescente, que confessou ter participado da morte de Diego Henriques.

O processo de pacificação na comunidade começou em novembro de 2010, quando forças policiais ocuparam a favela e prenderam Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico no local

Nos últimos quatro anos, foram investidos R$ 272 milhões em obras de urbanização na Rocinha, que incluem um complexo esportivo, um conjunto habitacional e uma unidade de saúde.

Na segunda fase de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), estão previstas a construção de um mercado público e a implantação de um teleférico com três estações, a exemplo do que foi instalado no Complexo do Alemão. O investimento total em obras do PAC na Rocinha pode chegar a R$ 700 milhões.

Às vésperas da inauguração, o clima na comunidade é de expectativa. Para muitos moradores, a chegada das forças de segurança, em novembro levou a muitos avanços. Eles esperam, entretanto, melhorias urbanas e na segurança.
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que a inauguração da UPP é apenas uma etapa para a consolidação da paz na comunidade. “A Rocinha tem seu caráter emblemático, assim como a Mangueira, o Alemão, mas, na minha visão, a UPP da Rocinha é mais uma. Não podemos diferenciar. É bom agir com discrição. Não é brincadeira quebrar paradigmas que estão aí há décadas. É preciso agir com calma”.

Sobre as mortes de PMs de UPPs, Beltrame disse: “Não podemos nos iludir que as coisas vão mudar de uma hora para outra. É muito triste perder um policial nessa situação. A população vive um modelo de três, quatro décadas. Acho que é um processo, as coisas vão se acomodando”.
Beltrame confirmou que traficantes de áreas pacificadas migraram para outras comunidades, mas minimizou o fenômeno apresentando número de estudos feitos pelo próprio órgão e afirmando que as consequências dessa migração são pequenas.